Cotidiano

'Vamos preparar emendas', escreveu ex-presidente da OAS para Rodrigo Maia

BRASÍLIA ? Conversas extraídas do celular do empresário Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, mostram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou o empreiteiro da edição de uma medida provisória, pediu doações eleitorais e até recorreu a ele para ser apresentado a outro empreiteiro, Ricardo Pessoa, da UTC. As conversas foram reveladas pelo GLOBO em janeiro de 2016 e são a base do início da investigação da Polícia Federal que concluiu haver indícios da prática de corrupção e lavagem de dinheiro por Maia. O presidente da Câmara considerou ?absurda? a conclusão da PF.

Rodrigo Maia

Maia enviou uma mensagem em 29 de julho de 2014 para o empreiteiro avisando a edição de uma nova MP sobre aviação regional. Informou, inclusive, que as emendas deveriam ser apresentadas até o dia 8 de agosto. Pinheiro encaminhou a mensagem com o pedido: ?vamos preparar emendas?. Maia efetivamente apresentou uma emenda que buscava isonomia entre aeroportos privados que viessem a ser construídos e aeroportos concessionados. A OAS faz parte do consórcio que administra o aeroporto de Guarulhos (SP).

Em julho de 2014, o deputado tinha pedido uma ajuda para que Pinheiro lhe ajudasse a encontrar o dono da UTC: ?Vc poderia pedir ao Ricardo Pessoa pra me receber? Ele está em SP. Abs?, escreveu Maia. Pinheiro repassou a mensagem a Pessoa, que respondeu dizendo que estava no Rio e ligaria para o deputado no dia seguinte. O presidente da Câmara disse que fez o pedido porque os dois eram amigos e que Pessoa afirmou em depoimento não ter havido qualquer troca de favor com o parlamentar.

Os pedidos de doação eleitoral foram feitos no mês de setembro. Maia pergunta no dia 17 deste mês: ?a doação de 250 vai entrar?? Na semana seguinte faz novo pedido: ?Se tiver ainda algum limite pra doação não esquece da campanha aqui?. Segundo Maia, as doações eram para seu pai, o ex-prefeito, César Maia, que foi candidato ao Senado e totalizaram R$ 1 milhão. Ele afirma não haver qualquer relação entre os recursos recebidos e a emenda apresentada.