Cotidiano

Vamos falar de autismo

Pessoa com autismo é humana, é gente, é deficiente. Primeiro é preciso aceitar, compreender, e depois debater isso. Pessoa com autismo é humana, então é nossa irmã. E se é deficiente precisa do nosso apoio e compreensão.

A melhor ajuda que se pode dar a um autista é aceitá-lo. O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, criado pela ONU, é sempre lembrado em 2 de abril. Ainda tem gente que questiona a necessidade dessa data e de muitas outras que abordam o tema da PcD (pessoa com deficiência).

O autismo não recebe tanta atenção por ser “silencioso”. O TEA (Transtorno do Espectro Autista) tem enormes desafios para sua inclusão, um deles justamente o fato de ter graus menores e não apresentar características físicas que “perturbem” a sociedade, o que o torna uma deficiência menosprezada.

E quando uma pessoa com TEA tem seu comportamento alterado em público, é muitas vezes, erroneamente, julgada como se estivesse drogada, alcoolizada. As pessoas não entendem que o que julgam inconveniente é fruto de uma deficiência. E as famílias dos autistas sentem-se constrangidas, por vezes optando por restringir o contato social. Um erro sucedendo a outro.

Autistas possuem emoções tal qual eu e você. Se alegram e se entristecem, choram e se divertem. E quanto mais cedo o diagnóstico e o inicio dos tratamentos terapêuticos, maiores chances de desenvolvimento terão. Isso trará condições para que se tornem adultos autossuficientes e estabeleçam relações profissionais e sociais, se insiram na escola, no trabalho, no mundo.

Então tudo começa com o diagnóstico precoce, que transformei em lei em Curitiba ao propor a alteração no código de saúde municipal que instituiu como padrão um teste de triagem para crianças com até três anos de idade. Isso permite que os casos de autismo sejam identificados mais cedo, aumentando em 80% a possibilidade de desenvolvimento da criança.

No início de março, em parceria com o Instituto Ico Project e prefeitura, lançamos um programa de capacitação de pais e cuidadores de autistas. Este programa, desenvolvido pela fundação Autism Speaks e Organização Mundial de Saúde, objetiva atender em 5 anos, todas as famílias que possuem autistas na faixa etária de 2 a 9 anos. Também criei a lei que estabelece a Semana de Conscientização sobre o Autismo, que acontece sempre próximo ao 2 de abril, para somar forças com a data da ONU.

O que me dá conforto e esperança é que não estou sozinho nesta causa. Os grupos organizados pelos pais prestam um papel fundamental neste processo. Esses grupos apoiam os legisladores, com demandas e esse é o princípio de tudo: participação social, alinhamento, diálogo. É assim que políticas públicas de qualidade surgem.

Todo dia é dia de conscientização, dia de falar no autismo, dia de protegê-lo e dia de repetir que a pessoa com TEA precisa de atenção e inclusão.

Pier Petruzziello, 35, advogado, líder do prefeito Rafael Greca na Câmara de Vereadores de Curitiba.