Cotidiano

Vale lucra R$ 3,6 bi no 2º tri, queda de 30% sobre 2015 por provisão para Samarco

SÃO PAULO – A Vale, maior produtora global de minério de ferro, anunciou nesta quinta-feira um lucro líquido de 3,585 bilhões de reais, queda de 30 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado, impactado principalmente por uma provisão anunciada na véspera de 3,733 bilhões de reais relacionada ao rompimento de uma barragem da Samarco.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou 8,341 bilhões de reais, alta de 22 por cento ante o mesmo período do ano passado, diante de maiores vendas de minério de ferro.

Na moeda norte-americana, o lucro líquido no segundo trimestre somou 1,106 bilhão de dólares, levemente acima do valor médio esperado por analistas, de cerca de 1 bilhão de dólares, de acordo com uma pesquisa realizada pela Reuters.

A Vale informou que a receita líquida totalizou 23,203 bilhões no segundo trimestre, alta de 8 por cento ante o mesmo período de 2015, em meio a maiores volumes de venda de finos de minério de ferro.

Segundo a companhia, o volume de minério de ferro (finos) vendido somou 72,678 milhões de toneladas, ante 67,230 milhões no mesmo período do ano passado.

A empresa afirmou que o preço realizado de finos de minério de ferro (CFR/FOB) atingiu 48,30 dólares/t no 2º trimestre, ante 50,44 dólares/t no mesmo período do ano passado, mas ficou acima dos 46,50 dólares/tonelada do primeiro trimestre.

SAMARCO

A provisão relacionada à Samarco, joint venture da Vale com a BHP Billiton que impactou o lucro líquido, foi anunciada em momento em que a empresa já “não consegue estimar com segurança o tempo e a forma com que as operações” na região de Mariana (MG) serão retomadas, devido a dificuldades no processo de licenciamento.

A Vale disse ainda que “a atual avaliação da Samarco aponta que a retomada das operações em 2016 é altamente improvável” –inicialmente esperava-se que a empresa voltasse a operar ainda este ano.

O desastre com a barragem de rejeitos da Samarco, no ano passado, provocou a morte de 19 pessoas, sendo considerado o pior desastre ambiental do país.

A Vale, Samarco e BHP firmaram um acordo bilionário com o governo para reparações, mas sua homologação está suspensa pela Justiça.

Mas a Vale explicou também nesta quinta-feira que, tendo em vista as dificuldades de caixa da Samarco, é provável que seus acionistas sejam chamados a cumprir com obrigações, e, portanto, a Vale estima contribuir em torno de 150 milhões de dólares para uma fundação neste semestre, que serão deduzidos do valor provisionado de 3,7 bilhões de reais.