Cotidiano

Uso político da APP motiva debandada

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Cascavel – A eleição para a nova diretoria da APP-Sindicato estadual, do conselho fiscal e das diretorias regionais de 29 núcleos sindicais ocorre na próxima terça-feira (19). Dos 75 mil associados, 72.027 estão aptos a votar. Os votos seguem até as 20h, todos por meio de urna eletrônica, com resultado previsto para a meia-noite.

A votação, por sua vez, pode revelar um dado importante: a insatisfação da categoria quanto ao partidarismo adotado pela direção do sindicato. O discurso dos professores têm sido o mesmo: uma debandada geral caso não haja renovação. “Infelizmente [a saída de sindicalizados], se comprova e já vem ocorrendo. Tenho até medo que aconteça muito mais casos se permanecer como está. Já escutei de várias pessoas que só estão aguardando as eleições e, dependendo do resultado, vão sair, pois realmente estão descontentes”, relata a candidata a presidente pela Chapa 3 e professora há 18 anos, Isabele Félix Pereira, que esteve em Cascavel esta semana.

Conforme Isabele, a APP é vista hoje como um partido político que não dialoga com quem possui ideologias diferentes das empregadas pela atual direção, presidida pelo professor Hermes Leão. “Somos vistos como um partido de esquerda e isso não é real. A entidade precisa ser plural, respeitar cada um com a sua ideologia política […]. Os professores que já conseguiram ver isso estão desanimados, nem participam mais de movimentos. Na última mobilização, por exemplo, não tinha ninguém”.

Na última eleição da APP-Sindicato, em 2014, dos 75 mil associados, apenas 30 mil votaram. Com duas opções, novamente Leão foi eleito. “Eles estão lá há mais de 20 anos, e são sempre os mesmos. Ninguém mais quer isso. Para mim, não são mais professores, são sindicalistas, perderam a mão, não sabem mais o que é estar na escola”, avalia a candidata. Neste ano, quatro chapas concorrem à eleição.

Sanfoninha

Sobre a deflagração de greve, Isabele diz que não é contra desde que todas as possibilidades de negociação sejam esgotadas: “Não será esse enfrentamento ‘sanfoninha’ como hoje fazem, esse vai e volta. A gente vai entrar e vai ficar [em greve] até abrir o diálogo. Eles [o governo estadual] não vão estar sentados com nenhum partido político, mas com alguém que represente a educação e suas demandas”, garante.

Para a educação, nada

Ainda segundo o balancete apresentado por Isabele Félix Pereira, enquanto a APP-Sindicato gastou milhões em doações, ao associado foi dedicada a insignificante quantia de R$ 10 mil em um ano, gastos para cursos de formação (R$ 6.768) e livros para biblioteca (R$ 3.237).

O que diz a APP-Sindicato

A APP-Sindicato afirma que o material apresentado pela candidata Isabele Félix Pereira contém informações inverídicas. Com base nisso, o sindicato entrou com pedido de liminar proibindo a distribuição do material de campanha da Chapa 3, que teria sido deferida pelo Tribunal Regional do Trabalho, por meio do juiz Ricardo José Fernandes de Campos.

Sobre a ameaça de debandada geral caso a Chapa 1 vença as eleições, a APP afirma que o número de sindicalizados tem oscilado, mas que se mantém entre 70 mil e 75 mil associados.

Em relação à liminar, Isabele Félix Pereira diz que ainda não foi intimada e continua distribuindo os materiais. “Pediram para a instituição APP-Sindicato entrar contra mim, a mesma que deveria me proteger, respaldar, e está me processando por falar verdades”, ressalta.