Cotidiano

Unilever promete rever operações após recusar fusão com Kraft Heinz

LONDRES – A Unilever quer mostrar a seus investidores que pode se manter sozinha, após rejeitar a proposta de compra de US$ 143 bilhões feita pela Kraft Heinz. A empresa prometeu aumentar os retornos aos investidores com uma revisão estratégica de suas operações que poderia incluir além de fusões e aquisições, e uma separação da unidade de alimentos não estaria descartada.

A dona das marcas Dove e Ben & Jerry?s também elevou sua previsão de rentabilidade, afirmando que espera melhoras na margem operacional para 2017.

?Os eventos da semana passada destacaram que precisamos capturar mais rapidamente o valor que vemos na Unilever?, disse a companhia em comunicado divulgado nesta quarta-feira.

Apesar da Kraft Heinz ter retirado a oferta no domingo, dois dias após seu anúncio, a revisão revela a pressão que o diretor-executivo da Unilever Paul Polman enfrenta para impulsionar o valor da companhia enquanto busca repelir pretendentes não desejados e manter os investidores a seu lado.

Uma venda dos negócios de spreads da Unilever, que inclui marcas como Flora, é uma opção segundo fontes próximas à linha da empresa, que pediram anonimato devido à confidencialidade da revisão estratégica. Outra possibilidade é uma divisão dos negócios de alimentação de cuidados pessoas da empresa, ou um aumento nos dividendos para acalmar investidores que esperavam lucros extraordinários de uma fusão, segundo uma das fontes.

A Unilever ?está provavelmente sinalizando para uma série de coisas em potencial, um plano de economia de custos mais acelerado e agressivo ou a venda de alguns ativos?, afirmou Martin Deboo, analista da Jefferies.

As ações da empresa subiram 2,9%, a 3,690 centavos de libra na Bolsa de Londres, ampliando o valor de mercado da companhia para 111 bilhões de libras (US$ 138 bilhões). A companhia disse esperar que a revisão termine no início de abril.

A unidade de spreads da Unilever tem sido uma pedra no sapato de Polman desde que se tornou CEO em 2009. O negócio é afetado pela volatilidade dos preços de laticínios e petróleo e uma maior adesão de consumidores a alimentos e bebidas naturais.

A oferta da Kraft Heinz pode estimular a Unilever a recomprar ações ou avançar na atividade de fusões e aquisições, segundo Ernesto Bisagno, analista-sênior da agência de classificação de risco Moody?s. Uma recompra de ? 10 bilhões durante três anos teria pouco impacto na proporção da dívida dado que a companhia gerará fluxo livre de caixa de cerca de ? 1,5 bilhão no período, indicou.