Cotidiano

União Europeia concorda em ratificar acordo climático de Paris em bloco

BRUXELAS ? Em reunião nesta sexta-feira, os ministros do Meio Ambiente dos 28 países da União Europeia concordaram em assinar, de forma coletiva, o acordo climático de Paris. A decisão ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu, em reunião na próxima semana. Com a adesão do bloco, responsável por 12% das emissões globais de gases-estufa, o documento acordado por 195 países em dezembro fica ainda mais próximo de entrar em vigor.

?A Cúpula de Bratislava começa a dar seus frutos. Todos os Estados membros deram sua aprovação a uma rápida ratificação do Acordo de Paris pela UE. Aquilo que alguns achavam que era impossível agora é real?, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pelo Twitter.

Para entrar em vigor, o acordo climático precisa da ratificação de 55 países que respondam por 55% das emissões globais. Até o momento, 61 nações, que representam 47,8% das emissões, já assinaram o documento, incluindo Alemanha, Hungria, França, Áustria e Eslováquia, que compõem a União Europeia. China e EUA, os dois maiores poluidores do mundo, também já concordaram com o compromisso. Em conjunto, a União Europeia é a terceira maior emissora de gases-estufa, seguida pela Índia, que deve ratificar o tratado no domingo. O Brasil também já assinou o acordo.

Apenas as nações que apresentarem suas ratificações ante as Nações Unidas antes de 7 de outubro terão voz e voto na conferência do clima do Marrocos, que acontece em novembro. Por isso, os dirigentes optaram por um procedimento inédito, o da ratificação em bloco sem esperar a aprovação doméstica nos 28 países. Para o comissário europeu de Clima, Miguel Arias Cañete, esta decisão mostra que os países ?adotaram um enfoque europeu? na luta contra as mudanças climáticas.

? Estamos chegando a um período crítico para uma ação climática decisiva. E, quando as coisas ficam difíceis, a Europa começa a andar ? acrescentou.

A decisão foi considerada uma vitória política no bloco, que está sendo visto com ceticismo pela discórdia em relação à imigração e pela saída do Reino Unido. Sem a ratificação conjunta, a União Europeia poderia ficar para trás quando o acordo entrasse em vigor, o que poderia ser visto como mais um embaraço. De acordo com uma fonte, a situação foi resolvida após a França criticar o processo de adesão individual, que seria lento. Dessa forma, os representantes decidiram que ?a União Europeia não pode apenas falar, mas também cumprir suas promessas?.

? Nós precisamos de uma vitória… Precisamos de boas notícias ? disse o diplomata, à Reuters.

Mas a decisão não veio sem polêmicas. Quando os reguladores do bloco revelaram os planos de estabelecer como meta a redução das emissões de gases-estufa em 40% até 2030, em relação aos níveis de 1990, a Polônia, que tem o setor energético dependente do carvão, apresentou objeções.

? O fato de sermos membro da União Europeia não pode quebrar a nossa economia ? disse Pawel Mucha, porta-voz do Ministério do Meio Ambiente polonês, nesta sexta-feira.