Cotidiano

Unesco inclui sete locais na lista de Patrimônios Mundiais em risco

RIO — A Unesco incluiu mais sete locais à lista de Patrimônios da Humanidade em risco, sendo seis deles por motivo de segurança. No Mali, as medidas de manutenção e proteção das Antiga Cidade de Djenné não podem ser implementadas por causa da insegurança, mesmo problema enfrentado por todos os cinco Patrimônios da Humanidade na Líbia. No Uzbequistão, o Centro Histórico de Shahrisabz sofre com a construção desenfreada de infraestrutura turística. Já na Geórgia, os Monumentos Históricos de Mtskheta foram retirados da lista após a implantação de medidas de gerenciamento e proteção.

Com as alterações, a lista de Patrimônios Mundiais em risco soma 54 sítios culturais e naturais. Na 40ª Reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que acontece até o dia 20 em Istambul, na Turquia, a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, alertou sobre a situação da Cidade Velha de Aleppo, na Síria, que vem sendo destruída ao longo dos últimos quatro anos de conflitos na região.

— A Cidade Velha de Aleppo sofreu grandes danos durante os últimos 4 anos. A destruição do museu é um novo golpe para o patrimônio e a história de todos os sírios — disse Irina, nesta quarta-feira. — Mais um vez eu clamo a todas as partes envolvidas que parem com a violência e mantenham o patrimônio cultural fora do conflito.

CIDADE DE BARRO DE 2,5 MIL ANOS

A Antiga Cidade de Djenné estão entre os primeiros povoados da África Subsaariana. Localizadas a cerca de 570 quilômetros da capital Bamako, elas são habitadas desde 250 a.C. No passado, a região serviu como entreposto comercial e, nos séculos XV e XVI, foi um dos centros de propagação do Islamismo. As edificações tradicionais são feitas em barro, e cerca de 2 mil delas sobreviveram ao tempo, sendo que algumas ainda servem de moradia para a população local.

Desde 2012, os malineses convivem com um conflito armado que mistura forças separatistas no Norte do país e grupos radicais islâmicos, que lutam entre si e contra o governo. Em 2013, o governo local recebeu reforço estrangeiro da França e da União Africana. Um cessar-fogo foi assinado no ano passado, mas conflitos esporádicos ainda acontecem.

A situação de insegurança, aponta o comitê da Unesco, “está impedindo medidas de salvaguarda para resolver questões que incluem a deterioração dos materiais de construção, urbanização e erosão do sítio arqueológico. O Comitê apela à comunidade internacional para apoiar Mali nos esforços de garantir a proteção do local”.

GUERRA CIVIL NA LÍBIA

Mergulhada em guerra civil desde 2014, três anos após a morte do ex-ditador Muamar Kadafi, a Líbia teve seus cinco Patrimônios Mundiais incluídos na lista de patrimônios em risco. São eles: Sítio Arqueológico de Cirene, Sítio Arqueológico de Léptis Magna, Sítio Arqueológico de Sabrata, Pinturas Rupestres de Tadrart Acacus e Cidade Velha de Gadamés.

“O Comitê observou o alto nível de instabilidade que afeta o país e a presença de grupos armados nesses locais ou imediações”, diz a Unesco, em comunicado. “Os danos já ocorridos e a séria ameaça de danos adicionais explicam a decisão (de inclusão da lista)”.

No Uzbequistão, a preocupação é com a superexploração turística. Fundada há mais de 2 mil anos, Shahrisabz fez parte da rota da seda e serviu de centro cultural e político na região, onde Alexandre, o Grande, passava os invernos. No século XIV, foi local de nascimento de Tamerlão, último dos grandes conquistadores de origem turco-mongol.

Por sua importância histórica, a cidade atrai turistas de todo o mundo, e construções tradicionais estão sendo destruídas para a construção de modernos edifícios, incluindo hotéis e restaurantes, “que afetaram de forma irreversível a aparência da histórica Shahrisabz“.