Cotidiano

Uma paixão de 40 anos

Cascavel – Uma das profissões mais nobres e que impactam diretamente na vida de todas as pessoas, ser professor não é tarefa fácil. Tanto que o sonho de quase todas as meninas da geração passada hoje é opção para um público bem menor. Seja pela baixa remuneração, seja pela falta de reconhecimento. Mas o fato é que sem professor, nada seríamos.

Para homenagear todos os professores, que comemoram seu dia nesta segunda-feira, destaque para a história de uma mestre que dedicou 40 anos da sua vida às salas de aula, e detalhe: na mesma estrutura física.

Vera Drage é professora de inglês e português há quatro décadas – completadas em agosto – onde hoje funciona o Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone, do Bairro Alto Alegre, em Cascavel.

Sua carreira começou ainda na singela estrutura de madeira da Escola Manoel Ludgero Pompeu, em 1978, quando Vera foi atrás de uma vaga de professora de primário. Vera conversou com a direção da instituição e a partir daí sua paixão pela sala de aula a fez cursar graduação Letras. “Eu tinha pensado em várias opções, mas foi no português que segui, sempre gostei de trabalhar com as letras”, conta Vera.

Depois de formada, foi ministrar as aulas de português e inglês. Nesses anos todos, Vera também chegou a trabalhar como diretora da escola. “Já fiz de tudo nesses 40 anos. Foram tantos momentos, tantos alunos, é muito gratificante olhar para o passado e ver a diferença que fiz não só na história do colégio, mas dos milhares de alunos que passaram por mim”.

Professora de gerações

A professora Vera Drage já deu aulas para a avó, para a filha e para a neta da mesma família. “Nossa, todo lugar a que vou encontro alunos. Há muitos casos que dei aula para várias pessoas da mesma família”.

A reforma e a adequação da escola marcou bastante a professora: “Antes, nos anos 1980, era muita terra a escola era de madeira. Quando veio a reestruturação foi muito bom, nunca vou me esquecer desse avanço da instituição. Melhorou muito”.

Vera passou pelas três fases da escola: a de Pompeu, que era municipal, depois a de Colégio Bairro Alto Alegre e agora o Padre Carmelo, já na rede estadual. “Acompanhei todos os momentos dessa escola, não me vejo fora da educação, fora do Carmelo. Amo trabalhar aqui!”.

Mudança de perfil

Vera Drage acredita que a falta de interesse das pessoas em serem professores tem a ver com a atual juventude: “O perfil de hoje é totalmente outro… A internet, a falta de respeito e de educação vêm causando a mudança estrutural da sala de aula”.

Por muitos motivos, inclusive de saúde, a professora Vera deixou a sala de aula em 2016, e agora trabalha na administração, focada na APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários).

Educação no Brasil

Com quatro décadas de experiência prática, a professora Vera Drage diz que está triste com a situação da educação no Brasil. “Para um país ser desenvolvido, o principal investimento precisa ser em educação. Mas não é isso o que vemos, infelizmente”.

Ela também expressa sua opinião sobre a reforma do ensino médio: “Tinha que ter muito mais diálogo, não poderia ser assim, não gostei nada dessa reforma”, revela.

Na reta final da carreira, a professora Vera aguarda agora a aposentadoria e o trabalho feito por anos é reconhecido por uma colega que acompanhou boa parte dessa história: “Desde 1979, quando entrei no Colégio Carmelo, a conheço. A Vera é uma profissional excepcional, sempre zelosa, preocupada e, acima de tudo, comprometida com seus alunos”, elogia a professora Neide Souza Meneguzzi.