NOVA YORK – O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse nessa quarta-feira, na Assembleia Geral da ONU, que o acordo para acabar com o conflito armado de mais de meio século com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) deixa o mundo “com uma guerra a menos”.
? Estamos virando a página da guerra para começar a escrever o capítulo da paz ? disse o presidente, em um discurso emocionado na Assembleia Geral, o qual coincidiu com o Dia Internacional da Paz.
As negociações duraram seis anos, afirmou o presidente – “dois em segredo” e quatro em diálogos abertos. farc
O acordo final será assinado na próxima segunda-feira (26) em Cartagena e, então, “começará a concentração dos membros da guerrilha em diversos acampamentos, onde entregarão suas armas às Nações Unidas em um prazo de seis meses e começará o processo de reincorporação à sociedade”, acrescentou.
Desde que assumiu seu primeiro mandato em 2010, Juan Manuel Santos iniciou diálogos de paz com as Farc, guerrilha que pegou em armas após a insurreição camponesa de 1964.
Segundo o presidente, “é a primeira vez na história da resolução de conflitos armados no mundo em que um governo e um grupo armado ilegal – através de um acordo, e não por imposições externas – acordam uma justiça transicional para se submeter-se”.
O presidente americano, Barack Obama, disse que o acordo demandou “muito valor” e “trabalho árduo”, antes de se reunir a portas fechadas com o presidente colombiano, nesta quarta-feira.
? Não posso estar mais de acordo com esses esforços ? declarou Obama. ? Há muitos desafios em sua implementação, mas acredito que é um sucesso de proporções históricas.
O secretário de Estado americano, John Kerry, assistirá à assinatura do acordo de paz, em Cartagena.
Antes de seu discurso na Assembleia, o presidente colombiano entregou uma pasta com o acordo envolta pela bandeira colombiana ao Conselho de Segurança da ONU, cujos 15 membros receberam-no com aplausos de pé.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, respondeu que essa negociação “transmite uma mensagem muito poderosa ao mundo”.
Em cinco décadas, o conflito armado deixou 260.000 mortos, 45.000 desaparecidos e 6,8 milhões de deslocados.