Cotidiano

Uma gangorra de ferro no pilotis do MAM

RIO – A arquitetura moderna do prédio do Museu de Arte Moderna do Rio, de autoria de Affonso Reidy, ganha deste sábado e até o dia 19 uma intervenção intrigante. Uma viga treliçada com 36 metros de comprimento e 1,5 metro de altura, suspensa a 50 centímetros do chão, atravessa todo o pilotis, sustentada apenas por dois cabos de aço nas extremidades. O conjunto tem um leve balanço, como uma gangorra gigante. “Á toa”, nome da obra, foi o projeto vencedor (entre 44 inscritos) do II Prêmio Reynaldo Roels Jr., organizado pela EAV Parque Lage e dirigido a alunos da instituição.

“À toa” é da artista Maria Baigur, aluna da EAV, em coautoria com o estúdio de arquitetura Chão, de Antonio Pedro Coutinho e Adriano Mendonça. Ela frequenta o Parque Lage desde pequena, e entre idas e vindas estudou com Charles Watson, Fernando Cocchiarale (atual curador do museu) e Anna Bella Geiger. Recentemente, foi selecionada, com outros 25 alunos, para o seminário “Tempo/espaço na instalação”, que ajudou a formatar suas ideias para o projeto.

– Trabalho com videoarte e fotografia, faço instalação mas meu suporte mesmo é a imagem – diz ela. – Mas como pratico trapézio, estava nessa questão do balanço. O trabalho trata disso: é sobre sensação, respiração presa, suspensão.

O trabalho tinha que ser pensado para o impressionante pilotis do MAM, um espaço poderoso, com enorme vão livre.

– Era um desafio enfrentar esse espaço do pilotis do museu. Chamei o Adriano e o Antonio Pedro para traduzirema minha poética para a técnica, e acabou sendo uma parceria incrível. Trabalhamos muito juntos para isso acontecer.

Os três tiveram que chamar engenheiros e calculistas para dar forma à obra. Para Maria, foi “ousado” premiar a grande gangorra que atravessa o pilotis do MAM.

– Era um projeto abusado. Foi uma aposta do Parque Lage, do MAM e dos patronos do prêmio – comenta ela, que precisa agora vender muitas fotos para completar os custos da obra, já que a instalação acabou saindo pelo dobro do valor do prêmio, de R$ 20 mil. – Era uma obra farônica e muito complexa. Mas estamos muito felizes. Estou vendendo minhas fotos, minha bicicleta para poder pagar.

“À toa”

Onde: Museu de Arte Moderna (Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo (3883-5600)

Quando: Inauguração neste sábado. Diariamente, até 19/12.

Quanto: Grátis.

Classificação: Livre.