Cotidiano

Um secretário-geral atípico que colocou organização no mapa

2015 800044905-2015 799861785-epu201402261100000001.jpg_20150317.jpg_2015031.jpgWASHINGTON ? Luis Almagro completa hoje seu primeiro ano à frente da Organização dos Estados Americanos (OEA). O veterano diplomata, que foi chanceler do então presidente uruguaio José Pepe Mujica, assumiu, em maio de 2015, uma organização debilitada, que vivia uma grave crise financeira ? que, contudo, não acabou. Mesmo assim, ganhou visibilidade por uma gestão marcada por cartas abertas contundentes e combativas, principalmente em relação à Venezuela. Como um secretário-geral atípico, ele não se privou de tratar dos temas mais espinhosos no continente.

A crítica mais dura ocorreu semana passada, quando Almagro chamou o presidente Nicolás Maduro de ?ditadorzinho?, caso impedisse o referendo revocatório de seu mandato, impulsionado pela oposição. Mas o secretário-geral leva meses comentando os assuntos mais críticos das Américas, como o processo de destituição da presidente Dilma Rousseff ? ao qual se opõe ? e os casos de impugnação eleitoral no Peru.

Rompendo tradições

Diplomata de carreira, o advogado, que completa 54 anos no mês que vem, foi chanceler em seu país entre 2010 e 2015. Casado, com sete filhos, tem extensa experiência regional e foi eleito senador no Uruguai em outubro de 2014. Como chanceler de Mujica, concretizou varias iniciativas emblemáticas que colocaram o pequeno país sul-americano no mapa mundial. Conhecedor dos novos alinhamentos regionais, também foi um ativo participante na consolidação da Unasul. Como membro da delegação especial do bloco na Venezuela, em 2014, foi reconhecido como o grande promotor do diálogo entre o governo e a oposição naquele momento.

Na OEA, foi eleito com o apoio de 33 dos 34 Estados-membros da OEA ? e uma abstenção. Ao assumir, anunciou que um dos eixos de sua gestão seria ?mais direitos para mais americanos?, e que trabalharia para aproximar a organização da nova realidade do hemisfério. Se, sob o comando de José Miguel Insulza, seu antecessor, a entidade falhou na tentativa de atenuar a batalha ideológica comandada pela Venezuela contra os EUA, Almagro rompeu com tradições anteriores, e se manifestou de maneira contundente contra violações de direitos humanos e de liberdades políticas na região.