Cotidiano

?Um primeiro passo, mas precisamos de detalhes?, diz diretor do UBS

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RIO – O diretor de estratégia para emergentes do banco UBS em Nova York, Alejo Czerwonko, viu as medidas medidaseconômicas_2405 anunciadas pelo presidente interno Michel Temer como um passo inicial positivo, mas sustenta que o governo precisa destrinchar mais os planos para recuperar a economia. Segundo ele, a entidade financeira vê a equipe econômica montada após o afastamento da presidente Dilma Rousseff com bons olhos.

Como avalia as novas medidas econômicas?

Foi um primeiro passo mas, claramente, ainda precisamos de mais detalhes. O crucial agora é ver se eles vão conseguir entregar o que estão apresentando. Esperamos ainda que o que foi anunciado seja apenas o começo.

O governo Temer, até agora, tem atingido as expectativas do mercado?

Vemos com bons olhos o governo Temer. Sua equipe econômica é solida, tecnicamente e politicamente bem preparada para implementar as mudanças necessários. Essa gestão abre a porta para uma melhora na situação fiscal. O problema é significativo e de difícil resolução, uma vez que o país tem que sair de um déficit primário de 3% do PIB para um superávit de 3% para se estabilizar. É um desafio e tanto, sobretudo considerando o quão impopular são as medidas necessárias.

Apesar da euforia antes da posse, o mercado parece cauteloso desde que Temer assumiu. Falta confiança?

Acho que os mercados se moveram antes porque, ao longo do tempo, foram absorvendo nos preços a mudança. Agora, o que se espera é que o governo entregue o que está prometendo. Precisamos ver propostas concretas. Se isso acontecer, o mercado avançará. Antes, Ilan (Goldfajn, novo presidente do BC) e companhia precisam entregar.

A reforma da Previdência, por enquanto incerta, é mesmo essencial para o ajuste fiscal?

Trata-se de uma medida de difícil aprovação, mas é uma condição necessária para o equilíbrio fiscal. O governo, seja este ou o próximo, terá que lidar com ela.

Temer não anunciou novos impostos. Eles também seriam necessários?

Eu não diria que impostos são absolutamente necessários. Mas uma reforma tributária, sim. A estratégia do Temer, porém, é começar demonstrando que o governo pode apertar o próprio cinto, no lado das despesas, antes de atacar as receitas. (Rennan Setti)