Cotidiano

Um evangélico e um católico para reforçar Trump e Hillary

201610031251317893_AFP.jpgWASHINGTON ? O primeiro debate da disputa pela vice-presidência dos Estados Unidos, na noite desta terça-feira, é também a primeira vez que os candidatos ao posto se encontram pessoalmente. Até então, a única troca de palavras entre Tim Kaine e Mike Pence ocorreu por telefone, quando Pence, já escolhido pelos republicanos, entrou em contato para saudar o mais novo adversário pela chapa democrata. De semelhança, só trazem a sólida experiência política e as raízes religiosas de criação. KAINE VS PENCE

Mike Pence traçou toda a carreira na política no estado em que nasceu. Em 2012, assumiu o governo de Indiana ? 12 anos depois de ingressar na vida pública americana. Na maioria do tempo, atuou no Poder Legislativo. Antes disso, no entanto, ao perder duas eleições legislativas, lançou-se no ramo do rádio e da televisão como apresentador nos anos 1990, quando já adotava o tom conservador na oratória. Ganhou notoriedade no cenário nacional em 2015, ao assinar um projeto de lei que garantia proteção a quem não quisesse apoiar o casamento entre duas pessoas de mesmo sexo por motivos religiosos. Foi criticado e recuou, sob o argumento de que sancionara a discriminação no estado.

Formado em Direito pela Escola de Direito da Universidade McKinney, Pence tem a simpatia na estrutura interna do Partido Republicano e é reconhecido pela ?credibilidade conservadora? ? uma das características fundamentais para a sua escolha como companheiro de chapa de Donald Trump, sobre o qual pesam dúvidas se é de fato um conservador. Aos 57 anos, o evangélico devoto encontra suporte político especialmente na ala dos conservadores cristãos. O governador, inclusive, gosta de se descrever como ?cristão, conservador e republicano?, obrigatoriamente nesta ordem. Durante as prévias, não é à toa, apoiou a candidatura do principal nome do movimento Tea Party, Ted Cruz.

Quando criança, no entanto, Mike Pence vivia em meio às tradições irlandesas católicas de sua família. Cresceu como um democrata que idolatrava o ex-presidente John F. Kennedy, de raízes familiares parecidas. Durante a vida universitária, chegou a ser voluntário do Conselho Bartholomeu, do Partido Democrata.

QUASE VICE DE OBAMA

Já Tim Kaine, indicado para concorrer ao lado de Hillary Clinton, é das poucas autoridades americanas a registrar no histórico a atuação como prefeito, governador e senador. Missionário, advogado de direitos civis e professor, ele atua no Senado desde 2012 pelo estado da Virgínia. Começou na política local como conselheiro, até ascender em 1998 ao comando da cidade de Richmond, onde se especializou na advocacia voltada às questões de raça e de deficiência física.

Três anos depois, seguiria ao governo do estado. A experiência em cargos executivos o fez resistir em se lançar ao Legislativo ? precisou ser convencido pelas lideranças democratas. Antes disso, nos anos 1980, em um ano de pausa na Escola de Direito da Universidade de Harvard, Kaine trabalhou numa missão jesuíta em Honduras, onde aprendeu espanhol. Seria a primeira atividade pública do senador, que já trabalhava desde jovem na ferraria do pai, em Kansas City.

Kaine é casado com Anne Holton, secretária de Educação do estado de Virgínia. Na atuação política, o senador de 58 anos, se envolve com temas de política externa e defende veementemente o controle da posse de armas. Católico tradicional, como se considera, chegou a ser cogitado para competir à vice-presidência na cédula de Obama, em 2008. É visto como ?uma escolha segura?. Nas horas vagas, adora ler, viver ao ar livre e tocar gaita com bandas do estado.