Cascavel – A de segunda-feira foi de muito trabalho para funcionários das fazendas próximas às margens da BR-369, entre Cascavel e Corbélia, que fizeram a retirada de entulhos, roupas e móveis que foram deixados para trás pelas famílias do MLST (Movimento de Liberação dos Sem Terra).
Depois do pedido extrajudicial de reintegração de posse ocorrido na semana passada e cumprido pela polícia, as famílias tinham iniciado a desocupação da faixa de domínio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
Mesmo com um incêndio que atingiu a maior parte dos barracos na noite de sábado (22), algumas famílias ainda permaneceram no local, diferente da informação colhida na noite do sinistro quando a afirmação era de que nenhuma família ainda habitava ali.
A sem-terra Kelly Cristina de Lima há dois anos morava em uma residência improvisada com o filho e o marido. Ela conta que agora deixará Cascavel e vai morar em Campo Bonito.
Foram dois anos de luta neste lugar, mas agora chegou a hora de mudar. Há vários anos ouvimos dezenas de promessas dizendo que teríamos o nosso pedaço de terra, mas infelizmente não ganhamos nada. Investimos e tiramos dinheiro de onde não tinha para construir nossa casa e perdemos tudo, desabafou.
Uma retroescavadeira foi utilizada para a retirada de entulhos e objetos que foram deixados no local. O espaço agora está sendo preparado para o plantio de grãos nos próximos dias.
Foi uma década de prejuízos em nossas lavouras. No ano passado eles voltaram a invadir nossas propriedades e agora, após muita luta, conseguimos que as famílias saíssem de forma pacífica. Nos próximos dias vamos preparar a terra e daremos início ao plantio de aveia. Calculamos um prejuízo aproximado dos R$ 3 milhões, frisa o fazendeiro Adilson Stocker.
Os caminhões foram cedidos pelos fazendeiros e os veículos fizeram 20 viagens com as mudanças para vários locais de Cascavel, Lindoeste, São Pedro do Iguaçu e para o Assentamento 1º de Agosto, às margens da BR-277, sentido Curitiba.
A Fazenda Bom Sucesso, às margens da rodovia, teve reintegração de posse da área produtiva em outubro do ano passado e contou com força policial para a retirada dos moradores e dos barracos. Sobre o incêndio de sábado passado, ninguém soube informar o que teria provocado o sinistro.
(Com informações de Eliane Alexandrino)
