Cotidiano

UFPR afasta 25 estudantes suspeitos de aplicar trote violento no campus de Palotina

Caso foi registrado no dia 30 de março. Mais de 20 alunos da instituição tiveram queimaduras aos serem expostos pelos veteranos a líquido ainda não identificado. Medida vale por 30 dias, segundo a UFPR

UFPR afasta 25 estudantes suspeitos de aplicar trote violento no campus de Palotina

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) afastou 25 estudantes de medicina veterinária do campus de Palotina, no oeste do Paraná, nesta terça-feira (5).

Eles são suspeitos de aplicar trote que causou queimaduras em mais de 20 calouros com líquido ainda não identificado que estava em embalagem de creolina, um produto de uso veterinário. Quatro veteranos foram presos – três liberados após pagamento de fiança e um por decisão liminar da Justiça.

De acordo com a UFPR, os alunos foram preventivamente afastados pelo prazo de trinta dias para apurar os fatos. A medida poderá ser prorrogada por mais trinta dias, se necessário.

As vítimas, segundo a instituição, foram dispensadas de frequentar as aulas para realizar tratamento de saúde adequado.

Conforme o delegado de Polícia Civil, Pedro Lucena, a investigação está ouvindo testemunhas e em até 30 dias o inquérito deve ser concluído.

“Estamos na fase de ouvir testemunhas, mas o inquérito está bastante adiantado. Nós temos elementos para indiciar os quatro suspeitos. Mandamos para a perícia o produto (utilizado no trote) para saber se consta algum outro componente além de creolina”, informou Lucena.

Estudantes da UFPR de Palotina são feridos em trote com creolina — Foto: Correio do Ar

Estudantes da UFPR de Palotina são feridos em trote com creolina — Foto: Correio do Ar

Em vídeo divulgado nesta terça-feira (5), o reitor da instituição, Ricardo Marcelo da Fonseca, afirmou que todas as medidas estão sendo tomadas para que esse tipo de situação não volte a acontecer e que a recepção de novos alunos deve ser com ações de solidariedade.

“Eu nunca vi algo desse jeito, pelo contrário, a gente estava orientando muito de perto todos os centros acadêmicos, para acabar com qualquer forma de violência em trotes. […] Vamos insistir que a repeção dos estudantes, no máximo, deve ter solidariedade. O nosso trote solidário envolve pinturas de muros, doação de sangue […] e acabar de uma vez por todas, a partir deste incidente lamentável, com situação de violência na recepção de estudantes,” frisou o reitor da UFPR.

 

Aluno de 19 anos sofreu queimaduras na nuca e nas costas — Foto: Reprodução

Aluno de 19 anos sofreu queimaduras na nuca e nas costas — Foto: Reprodução

O trote

 

O trote com os calouros aconteceu na noite de quarta-feira (30) em um terreno baldio a menos de 100 metros da entrada do campus de Palotina da UFPR.

Conforme a Polícia Civil, as vítimas relataram que, inicialmente, tiveram que pedir dinheiro pelas ruas da cidade. Depois, o grupo foi levado ao terreno e foi obrigado a se ajoelhar. Imagens mostram os calouros também ajoelhados passando uma cebola de boca em boca.

Lá, o produto que provocou as queimaduras teria sido derramado sobre os estudantes. O episódio foi relatado à polícia ainda na mesma noite.

Segundo o Hospital Municipal de Palotina , para onde foram levados os alunos feridos, eles tiveram queimaduras de 1° e 2° grau. Uma aluna, segundo a instituição, chegou a inalar o produto e desmaiou.

Dos 21 estudantes que foram encaminhados ao hospital, 20 foram liberados ainda na noite de quarta. A jovem que inalou o produto, segundo o hospital, ficou em observação e teve alta na quinta.

A Polícia Civil investiga o caso e também apura os crimes de tortura e cárcere privado, caso os calouros tenham sido obrigados a permanecer em algum local, por exemplo.

Suspeitos presos foram liberados

No dia seguinte ao trote, quatro estudantes entre 21 e 23 anos foram presos em flagrante suspeitos dos crimes de lesão corporal grave e constrangimento ilegal. Na sexta-feira (1º), três deles foram soltos após cada um pagar fiança de R$ 10 mil.

Os suspeitos que foram soltos saíram com monitoramento de tornozeleira eletrônica.

A quarta suspeita foi solta no domingo (3). Segundo o advogado dela, Gustavo Sabino Teixeira, a indiciada conseguiu o habeas corpus no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) porque não tinha condições financeiras de pagar a fiança.

G1 Paraná