Cotidiano

UE realocou apenas 3,5% do número de refugiados prometido no ano passado

BRUXELAS ? A principal política da União Europeia (UE) para enfrentar a crise de refugiados tem mostrado resultados decepcionantes. A divisão dos requerentes de asilo pelos países europeus ainda acontece em escala muito pequena, mostraram dados publicados nesta quarta-feira pela Comissão Europeia. Até esta semana, o bloco acolheu apenas 5.651 pessoas que aguardam por abrigo na Grécia e na Itália ? o equivalente a 3,5% dos 160 mil refugiados que os governantes europeus haviam prometido realocar no ano passado.

Frente aos resultados, Bruxelas lamentou que o instrumento pioneiro, desenhado para um período de dois anos, avance tão lentamente. A meta de realocar 160 mil pessoas, hoje presas em Grécia e Itália, parece quase inalcançável ? em grande parte porque os países ofereceram apenas 9,5% das vagas necessárias para os requerentes de asilo. E a situação deverá se agravar para o próximo ano, uma vez que dirigentes políticos resistem a promover o acolhimento aos refugiados, sobretudo, nos países do Leste Europeu.

Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia celebrou que as realocações tenham acelerado em cerca de 60% nos últimos meses. Até o junho, antes do verão europeu, apenas 2.280 refugiados tinham viajado de um país a outro. O comissário de Migração, Dimitris Avramopoulos, inclusive felicitou a Bélgica e a Alemanha pelos seus esforços ? estes países se comprometeram a acolher um número fixo de pessoas por mês, embora Berlim tenha apenas recebido, até agora, apenas 215 refigiados no sistema de realocação dentro da Europa acordado no ano passado.

?A solidariedade não é apenas moral, mas também uma responsabilidade legal enquadrada no tratado europeu. Os Estados-membros têm que cumprir o que já foi acordado ? advertiu Avramopoulos em entrevista coletivo.

Em um ranking para o número de acolhimento a refugiados, os países nas últimas posições são Áusria, Hungria e Polônia. Estes países não assumiram nenhum pedido de asilo até agora. E a situação da Eslováquia, que exerce o turno da Presidência da UE, não é muito melhor: o país recebeu apenas três refugiados.

O governo húngaro celebrará no próximo domingo um referendo para consultar a população se aceita que Bruxelas fixe as cotas de acolhimento para o seu país. A votação vem como um claro desafio à autoridade do bloco, uma vez que a proposta foi aprovada pela maioria dos membros do Conselho Europeu, que representa os países-membros da UE.