Cotidiano

UE defende negociar Brexit logo, mas rejeita fechar fronteiras internas

EU-SUMMIT_BRITAIN-EU-GLD2TO5L5.1.jpgBRATISLAVA – O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, assegurou nesta sexta-feira que a União Europeia (UE) estaria pronta para negociar a saída do Reino Unido “a partir de amanhã”, ao término de uma reunião de mandatários em Bratislava sobre o futuro do bloco. No entanto, outros representantes do bloco descartaram abrir mão de princípios básicos, como a liberdade de movimento interna.

­? Estamos bem preparados e poderíamos inclusive começar o procedimento amanhã mesmo ? assegurou Tusk. bratislava

A posição oficial da União Europeia é, entretanto, esperar que Londres notifique sua vontade de se retirar, como decidido pelos britânicos no referendo, antes de se sentarem para negociar.

Enquanto isso, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que quer manter a “ótima e muito próxima relação com o Reino Unido”. Mas com limites quanto à restrição ao movimento migratório interno, um dos apelos feitos por partidários britânicos a favor da saída do bloco.

? Não é possível que estas negociações prejudiquem nossos interesses. Sobre a liberdade de movimento de trabalhadores e de pessoas, estamos firmes em apoio a esta posição. Não é um jogo entre os premiers que entram e os que saem, é sobre o povo europeu ? defendeu Juncker em uma coletiva.

APELO POR UMA ‘UE MAIS ATRAENTE’

Ainda se recuperando da decisão do Reino Unido de se deixar o bloco, os 27 Estados remanescentes da União Europeia se reuniram nesta sexta-feira para tentar renovar o projeto europeu. No entanto, o que mais se viu foram apenas reconhecimentos das divisões profundas causadas pela crise de refugiados e pela economia.

“Nos comprometimos a oferecer a nossos cidadãos nos próximos meses uma visão de uma UE atraente, na qual se possa confiar e que possa ser apoiada. Estamos seguros de que temos a vontade a capacidade para consegui-lo”, destacou uma nota conjunta que foi chamada de Declaração de Bratislava, assinada pelos líderes.

Anos de crise econômica elevaram o desemprego em muitos países-membros, e uma onda de ataques de militantes islâmicos e um influxo recorde de imigrantes abalaram os eleitores, que estão se voltando cada vez mais a partidos populistas anti-UE.

? Estamos em uma situação crítica. Temos que mostrar com nossas ações que podemos melhorar no campo da segurança interior e exterior, da luta contra o terrorismo, da cooperação em matéria e defesa, e em temas como o crescimento e o emprego ? disse a chanceler federal alemã, Angela Merkel.

A cúpula “informal” ? assim chamada porque qualquer outra reunião formal ainda tem que incluir o Reino Unido até que este deixe o bloco ? tem como objetivo restaurar a fé do público no bloco, que durante décadas foi visto como fiador da paz e da prosperidade, mas que agora passa por uma “crise existencial”, como admitiram autoridades.

? Todos estão cientes da situação. O Reino Unido decidiu partir e existem dúvidas a respeito do futuro da Europa ? disse o presidente da França, François Hollande, antes da reunião na capital eslovaca. ? Ou seguimos na direção da desintegração, da dissolução, ou trabalhamos juntos para injetar um novo ímpeto, relançamos o projeto europeu.

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse que a Europa “deveria parar de ser um sonâmbulo que anda na direção errada.”

A meta em Bratislava é acertar um “roteiro” para reformas na UE que possa ser finalizado ao longo do próximo semestre. Propostas mais concretas serão apresentadas em uma cúpula em março do ano que vem que irá coincidir com o 60º aniversário do Tratado de Roma, marco de fundação do bloco.

Por causa das divisões em torno de alguns dos temas principais, porém, é esperado que alguns líderes se atenham a áreas em que existe consenso. Eles prometem uma cooperação de defesa mais intensa e concordar em reforçar a segurança nas fronteiras externas da UE, além de debater novas iniciativas para gerar crescimento e empregos.