Cotidiano

Ucraniana que morou no Brasil relata situação em Kiev: 'Fomos testemunhas de bombardeios

Larysa Myronenko é ex-consulesa ucraniana no Paraná e atualmente mora no país; cidade de Prudentópolis, que tem a maior comunidade ucraniana do Brasil, vive tensão por notícias de familiares, após invasão russa

Guardas de fronteira ucranianos patrulham uma área ao longo da fronteira ucraniana-russa na região de Kharkiv, Ucrânia
Guardas de fronteira ucranianos patrulham uma área ao longo da fronteira ucraniana-russa na região de Kharkiv, Ucrânia

A ex-consulesa ucraniana no Paraná Larysa Myronenko, que viveu no Brasil há cerca de 10 anos e atualmente mora em Kiev, capital da Ucrânia, relatou a situação na cidade nesta quinta-feira (24), após a invasão da Rússia ao país.

Em entrevista, ela afirmou ter ouvido os bombardeios e destacou que os ucranianos estão mobilizados.

“Hoje é uma grande tristeza, uma grande decepção de tudo o que aconteceu com a Ucrânia e dizendo mais globalmente, na Europa. Às 5h a Rússia atacou a Ucrânia e fomos testemunhas de bombardeios. Infelizmente, isso é trágico, e há mortos da população civil e feridos. Gostaria de dizer que estamos todos sem panico, estamos mobilizados”, disse;

Larysa reforçou ainda que a população ucraniana tem “grande fé nas forças armadas que agora lutam para a Ucrânia”.

Ucraniana que morou no Brasil relata situação em Kiev

“Geralmente, a situação ainda está normal, a vida continua, mas nós temos que descer agora nos abrigos. Os prédios da cidade têm abrigos e nós temos que descer para passar alguns minutos ou talvez horas lá nos abrigos. É a guerra. Mas os ucranianos são fortes, mobilizados”, comentou.

Atualmente, cerca de 500 mil ucranianos e descendentes que vivem em terras brasileiras, o que representa a quarta maior comunidade do mundo.

Comunidade ucraniana

 

A cidade de Prudentópolis, na região central do Paraná, tem cerca de 75% da população ucraniana, tendo a maior comunidade de ucranianos do Brasil, de acordo com a prefeitura.

O município possui 52.776 habitantes, segundo a última estimativa populacional feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2021, após aprovação na Câmara Municipal e sanção do prefeito, a língua ucraniana foi oficializada como língua co-oficial no território de Prudentópolis.

Na justificativa para a decisão, o texto do projeto de lei municipal afirmava que, na cidade, “a importância da língua ucraniana é singular, posto que ainda há publicações em ucraniano, celebrações religiosas, e programação radiofônica na língua trazida pelos imigrantes”.

Larysa Myronenko é ex-consulesa ucraniana no Paraná e ouviu bombardeios em Kiev, durante invasão russa — Foto: Divulgação/Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar)

Larysa Myronenko é ex-consulesa ucraniana no Paraná e ouviu bombardeios em Kiev, durante invasão russa — Foto: Divulgação/Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar)

Norton Rapesta, embaixador do Brasil em Kiev, disse que os brasileiros que estão em regiões afetadas serão evacuados. Ele não deu detalhes sobre como essa evacuação seria feita.

Invasão russa

 

A Rússia iniciou, na madrugada desta quinta-feira, uma ampla operação militar para invadir a Ucrânia. Há imagens de explosões e movimentações de tanques em diferentes cidades ucranianas. Putin disse às forças ucranianas que deponham as armas e voltem para casa.

“Quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin.

 

Trânsito congestionado na capital da Ucrânia, Kiev — Foto: Reprodução / GloboNews

Trânsito congestionado na capital da Ucrânia, Kiev — Foto: Reprodução / GloboNews

Putin atacou o leste da Ucrânia com misseis e explosões. Em resposta, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que distribuiu armas aos ucranianos.

A capital, Kiev, teve congestionamentos, corrida aos mercados e estações de trem lotadas. Milhares de moradores começaram a deixar a cidade desde as primeiras horas do dia.

Fortes explosões foram ouvidas por jornalistas das agências internacionais de notícias no centro de Kiev e também em outras cidades ucranianas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou Putin de iniciar uma “invasão em grande escala” contra seu país. “Cidades ucranianas pacíficas estão sob ataque”, tuitou Kuleba.

Brasileiros que vivem no país tentam deixar a Ucrânia e relatam clima assustador.

Rússia x Ucrânia: entenda as alianças militares e os efetivos deslocados na região

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A ONU pee que Putin recue, e o presidente dos Estados Unidos, Biden, disse que a Rússia escolheu uma guerra de perdas catastróficas.

A invasão russa derrubou as bolsas internacionais nesta quinta-feira e fez o preço do petróleo passar de US$ 100 pela primeira vez desde 2014, com o barril do tipo Brent atingindo US$ 105.

Outros ativos considerados refúgios seguros, como o ouro, o dólar e o iene japonês, se valorizaram num momento de tensão elevada nos mercados.

Mais de 200 ataques

 

Na metade da manhã desta quinta, a polícia da Ucrânia fez um balanço do número de ataques desde o começo do dia: foram 203. Segundo o levantamento, há combates em quase todo o território, de acordo com a polícia.

Segundo militares ucranianos, mísseis foram lançados da Belarus em território do país atacado (militares russos já haviam invadido a Ucrânia a partir da Belarus).

O vice-ministro da Defesa da Ucrânia afirmou que no leste do país há confrontos militares intensos, e que soldados russos foram feitos prisioneiros.

O Ministério de Defesa da Rússia afirmou que o país destruiu 74 instalações militares da Ucrânia nesta quinta-feira. Entre essas instalações há 11 aeródromos. As informações são da agência russa RIA.

O ministro de Defesa da Rússia, Sergey Shoigu, disse aos comandantes russos que os soldados ucranianos devem ser tratados com respeito, de acordo com a agência russa Ifax.

Mapa mostra locais da Ucrânia que foram bombardeados em ataques da Rússia — Foto: Arte g1

Mapa mostra locais da Ucrânia que foram bombardeados em ataques da Rússia — Foto: Arte g1

G1 Paraná