Cotidiano

Uber: motorista diz à Justiça ganhar menos de um salário mínimo

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LONDRES – Um motorista do Uber disse a um tribunal britânico nesta quarta-feira que ganhava menos de um salário mínimo, apesar de a empresa afirmar que ele recebia quase três vezes mais. O caso pode ameaçar o modelo de negócio do aplicativo, ameaçando o uso de condutores autônomos.

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Os advogados que representam dois motoristas em um tribunal trabalhista argumentam que o Uber está agindo fora da lei ao não oferecer direitos como pagamento em dias em que o profissional está doente ou em feriados.

O Uber, que permite que seus usuários peçam e paguem pelo serviço de transporte via smartphone, diz que mais de 30 mil motoristas em Londres têm flexibilidade e podem escolher quando trabalhar. Além disso, a empresa diz que, em média, os condutores ganham mais do que o salário mínimo.

James Farrar, que dirige para o Uber desde dezembro de 2014, afirmou em agosto que ganhava menos do que salário mínimo britânico para pessoas como mais de 21 anos, que na época era de 6,70 libras por hora, o equivalente a US$ 8,80.

?Eles alegam que, com base no total de horas conectadas ao aplicativo, eu recebi uma média de 13,77 libras por hora?, escreveu em seu testemunho à Justiça. ?Eu calculei meu ganho líquido para o mês de agosto de 2015 e ficou em 5,03 libras.?

O advogado do Uber, David Reade, disse que Farrar escolheu um mês em que o profissional ficou mais tempo conectado ao aplicativo, mas que também cancelou ou não aceitou a maior quantidade de viagens, reduzindo, assim, o valor da hora de trabalho.

A maioria dos trabalhadores têm direito ao salário mínimo. Os autônomos estão entre os que não têm um valor mínimo garantido.

A questão dos baixos salários e de falta de segurança no emprego mexeu com a opinião pública nos últimos anos no Reino Unido, fazendo com que empresas como a varejista Sports Direct enfrentando críticas em relação a seus contratos zerados.

No ano passado, o Uber ? que tem entre seus investidores Goldman Sachs e Alphabet ? informou que seus motoristas receberam em outubro um pagamento médio de 16 libras por hora após o desconto da taxa de serviço do aplicativo.

O serviço, que já foi uma start-up, cresceu rapidamente e está avaliado em US$ 62,5 bilhões. No entanto, tem recebido críticas, proibições e restrições em várias cidades, inclusive Londres, onde os tradicionais táxis pretos tentaram qualificar o serviço como ilegal.

O caso deve continuar a ser debatido na Justiça britânica até a próxima terça-feira. E a decisão sobre se a o Uber está atuando de forma legal ou não só deve sair daqui a algumas semanas.