Cotidiano

Turquia liberta 34 mil presos para abrir espaço a expurgados em penitenciárias

ANCARA ? Autoridades turcas já liberaram 33.838 mil presos para abrir espaço às dezenas de milhares de pessoas que foram detidas por suspeitas de conexão à tentativa de golpe militar em julho no país. Outros 4 mil presos ainda deverão ser liberados, segundo o Ministério da Justiça. O governo conduz um expurgo que já atingiu mais de 60 mil pessoas ? incluindo soldados, policiais, juízes e jornalistas.

Também como parte do expurgo em massa pós-rebelião, as autoridades turcas removeram na quinta-feira cerca de oito mil agentes de segurança do cargo. Entre os removidos, 7.669 eram policiais e 323 eram membros da força de elite.

Após a tentativa frustrada de tomar o poder na noite de 15 de julho, Erdogan acusa seu antigo rival, o clérigo Fethullah Gülen, de ter liderado o golpe fracassado. E, por isso, passou a perseguir supostos suspeitos de conexão ao seu movimento, a que chama de terrorista. Extraditado na Pensilvânia, nos EUA, Gülen nega envolvimento na iniciativa.

Cerca de 35 mil pessoas já foram detidas para interrogatório, enquanto mais de 17 mil foram formalmente presas e deverão enfrentar julgamento. Outras dezenas de milhares de outras pessoas foram alvo de suspensões ou afastamentos dos seus empregos. No total, 4.451 militares já foram expurgados desde o golpe fracassado, incluindo 151 generais e almirantes. E, neste mês, procuradores pediram a prisão de 84 professores por suspeita de conexão a Gülen.

Na quinta-feira, Ergodan defendeu as detenções de 3.495 juízes e procuradores já realizadas. O presidente afirmou que a medida não enfraqueceria o poder judiciário:

? Pelo contrário, acredito que isso causará um significativo alívio na implementação da real justiça ? afirmou o presidente no complexo presidencial em Ancara.

Além disso, dezenas de veículos de imprensa foram fechados pelo governo, em mais uma medida de repressão ao golpe. A Turquia ocupa hoje o 151º lugar no ranking de Liberdade de Imprensa no Mundo, de um total de 180 países. Após a repressão contra jornalistas, a Anistia Internacional denunciou ?restrições draconianas à liberdade de expressão?. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também condenou as ordens de prisão.