Cotidiano

Turquia fecha mil escolas privadas e estende período de detenção de suspeitos

Turkey Military CoupISTANBUL ? O presidente turco, Tayyip Erdogan, ordenou o fechamento de mais de mil escolas particulares e estendeu o período em que alguns suspeitos podem ser detidos sem acusação, em seu primeiro decreto desde que um estado de emergência de três meses entrou em vigor.

Erdogan declarou o estado de emergência na quarta-feira em resposta ao fracassado golpe militar do último fim de semana em que pelo menos 246 pessoas foram mortas.

O estado de emergência permite que o presidente e seu governo aprovem leis sem antes passar pelo Parlamento e também lhes permite reduzir ou suspender direitos e liberdades que considerem necessárias.

As autoridades turcas já lançaram uma série de expurgos em massa das Forças Armadas, polícia, justiça e educação, tendo como alvo seguidores de um clérigo muçulmano baseado no EUA, Fethullah Gulen, a quem Erdogan acusou de planejar o golpe frustrado. O imã de 75 anos nega a acusação.

O primeiro decreto assinado por Erdogan autoriza o fechamento de 1.043 escolas privadas, 1.229 instituições de caridade e fundações, 19 sindicatos, 15 universidades e 35 instituições médicas sob suspeita de vínculos com o movimento do clérigo Fethullah Gulen, informou a agência de notícias estatal Anatolia neste sábado.

Erdogan aprovou ainda a extensão do período em que detidos suspeitos podem ficar na prisão para 30 dias a partir de um máximo de quatro dias. O período foi estendido para facilitar uma investigação completa sobre a tentativa de golpe.

O Parlamento ainda precisa aprovar o decreto, mas requer apenas uma maioria simples. A casa é dominada pelo partido governista AKP, de Erdogan, no poder na Turquia desde 2002.

Em um discurso aos legisladores na sexta-feira, Erdogan prometeu levar à Justiça os partidários de Gulen. Ele também inspecionou partes danificadas do edifício do Parlamento em Ancara, que foi metralhado pelos golpistas durante a rebelião na semana passada.

Em meio a críticas internacionais pelas medidas repressivas, a Turquia libertou 1.200 soldados detidos após a rebelião. Esta é a maior libertação de suspeitos até o momento.

Todos os libertados são soldados rasos e foram colocados em liberdade em Ancara, anunciou o procurador-geral da capital turca, Harun Kodalak, acrescentando que as autoridades estão tentando esclarecer quem foram os efetivos que dispararam contra a população e estabelecer uma clara distinção

O governo turco, no entanto, iniciou na sexta-feira a limpeza nas forças de segurança, principalmente nos serviços de inteligência. As autoridades emitiram ordens de prisão contra 300 membros da guarda presidencial e ordenaram o cancelamento de 10.856 passaportes de pessoas detidas ou que podem estar em fuga. Erdogan se reuniu na parte da noite com o chefe do serviço de inteligência (MIT), Hakam Fidam.