Cotidiano

Turistas em zonas de guerra acabaram mortos, feridos ou sequestrados

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RIO – Aqueles que se aventuram em destinos que sofrem com conflitos ativos também estão sujeitos às mesmas tragédias ou ao risco iminente enfrentados pela população. Há vários relatos de turistas sequestrados em locais alvo do terrorismo insurgente, como nas Filipinas, no Afeganistão e na Somália. E enquanto lugares desaconselhados continuam atraindo a atenção de turistas e companhias, o único destino que praticamente sumiu do mapa é a Síria. Com a guerra que já matou mais de 400 mil pessoas em cinco anos, o turismo caiu 98%, e os mais destemidos são atravessados ilegalmente através da Turquia. CONTEÚDO – TURISMO DE GUERRA

Aqueles que vão ao Afeganistão vivem entre o risco dos ataques talibãs nas cidades, sequestros e emboscadas nas estradas. No início deste mês, um comboio da agência Hinterland Travel com 12 europeus e americanos foi atingido por um morteiro em uma numa estrada de Herat, no Oeste. Seis viajantes, entre eles o chefe da agência, Geoff Hann, ficaram feridos.

? Foi um erro. O Talibã sabia onde eles estavam e de onde vinham. Felizmente não houve mortos ? garante o britânico Andrew Drury, que já percorreu várias vezes a estrada.

A Hinterland não respondeu a tentativas de contato sobre o incidente.

Num dos casos mais marcantes, o japonês Haruna Yukawa foi à Síria alegando ser um consultor de segurança que repatriava conterrâneos. Foi sequestrado pelo Estado Islâmico em 2014 junto ao amigo Kenji Goto, videojornalista que colaborava com diversos meios de comunicação. Apenas ali veio à tona que ele jamais havia atuado no país. Os dois foram decapitados em janeiro de 2015, após o Japão se recusar a pagar o resgate de US$ 200 milhões.

Recentemente, no Sinai, militares egípcios que caçavam jihadistas atacaram um comboio de turistas que fazia uma excursão no deserto, deixando oito mexicanos mortos. O episódio matou ainda quatro egípcios e feriu outras dez pessoas, gerando mal-estar diplomático entre os países.

?O grupo de turistas estava em uma zona proibida?, justificou-se o Exército.

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Também na África, um destino desaconselhado é a Somália. Os recorrentes sequestros feitos pelo grupo al-Shabaab e ataques armados contra hotéis que mataram dezenas de turistas, políticos e até um embaixador nos últimos dois anos fizeram o Departamento de Estado americano advertir contra viagens ao local.

Alguns lugares que prosperavam no turismo convencional já sofrem com os efeitos do terrorismo e da instabilidade. Após atentados matarem dezenas de turistas em Istambul e outras cidades, a Turquia espera uma queda de até 40% no turismo em 2016.

? A demanda dos brasileiros diminuiu mesmo. Eles têm medo de viajar para Turquia, acho que pelas notícias negativas ? diz a guia Dilek Karakas.

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DESTINOS FORA DE ROTA

Síria: Em guerra civil desde 2011, tem milhões de deslocados internos e refugiados que seguem rumo à Europa.

Iraque: Conflitos sectários se seguiram à queda de Saddam Hussein e à invasão americana. Partes do país são controladas pelo Estado Islâmico.

República Democrática do Congo: Grupos armados controlam áreas do interior.

Iêmen: Vive um conflito interno, com o governo sendo expulso da capital em 2015.

Ucrânia: Embora parte do país seja segura, tensões na Crimeia (anexada à Rússia) e na área de Donetsk tornam perigosa a viagem pelo leste.

Turquia: Alvo de atentados, especialmente devido à proximidade com Síria e Iraque e ao conflito com curdos. Viveu uma tentativa de golpe no último mês.

Venezuela: Tem uma das mais altas taxas de homicídios; assaltos à mão armada são frequentes. Acrescenta-se a tensão entre chavistas e opositores.

Somália: Vastas áreas são controladas por grupos como o al-Shabaab, que em 2014 atacou o aeroporto de Mogadíscio.

Quênia: Ataques do al-Shabaab visam principalmente a instituições de ensino e locais usados por estrangeiros.

Bangladesh: Desde 2014, estrangeiros e bengaleses foram alvo de uma série de ataques.

Serra Leoa: A epidemia de ebola, em 2014, colocou o país na lista de advertência.

Afeganistão: Removido do poder após a guerra, em 2001, o Talibã continua fazendo atentados mortais.