Cotidiano

Tucanos admitem abrir mão de disputa na Câmara para apoiar Maia

BRASÍLIA – Um grupo influente de tucanos já admite abrir mão de disputar a presidência da Câmara no próximo ano para apoiar Rodrigo Maia (DEM-RJ), caso ele consiga viabilizar juridicamente sua reeleição ao cargo. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), tratou o assunto na noite de ontem com o presidente Michel Temer, a quem sinalizou que pode haver acordo neste sentido.

No governo, a permanência de Rodrigo Maia no comando da Câmara é vista com bons olhos, já que o aliado tem se mostrado diligente e afinado com o Palácio do Planalto. Além disto, um acordo em torno de sua permanência evitaria um racha na base aliada. Os outros nomes cotados para a disputa são do líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA) ? próximo aliado de Aécio ?, do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), e do líder do PTB, Jovair Arantes (GO). Todos integram partidos aliados ao governo.

Segundo relatos, na conversa, Temer teria reafirmado a Aécio a disposição de retribuir apoio a um nome tucano para a presidência da Câmara em 2017. Em julho deste ano, o PSDB apoiou Rodrigo Maia, que já contava com a simpatia do Palácio do Planalto, para a eleição ao mandato-tampão, quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou à presidência da Câmara.

Mas, no PSDB, a avaliação é de que o pior cenário seria “entrar para perder” na disputa pela presidência da Câmara. Como Rodrigo Maia já agrega o apoio majoritário na Casa, inclusive entre alguns segmentos da esquerda, sua vitória é mais provável do que de qualquer nome do PSDB.

Alguns aliados de Aécio Neves acreditam que, se ele abrir mão de fazer o próximo presidente da Câmara, o ?crédito? que terá junto ao governo pode ajudá-lo a se reeleger presidente do PSDB em maio de 2017, quando a Executiva do partido escolherá seu novo comando. Manter a presidência do partido é fundamental para Aécio ter sua candidatura presidencial fortalecida em 2018. No páreo pela presidência do partido estão também o ministro José Serra (Relações Exteriores) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

? Só valeria o PSDB disputar a presidência da Câmara se tivesse com grandes chances de ganhar. Ao apoiar o Rodrigo, o PSDB evita uma celeuma na base e fica com crédito com o governo ? afirmou uma liderança tucana.

O partido irá aguardar para ver se Rodrigo Maia consegue encontrar a saída jurídica para sua reeleição, antes de formalizar o apoio a ele. Há um temor de que sua candidatura acabe questionada no Supremo Tribunal Federal porque o regimento da Câmara não permite reeleição para o cargo após o mandato de dois anos, mas é omisso em relação ao tema quando se trata de um mandato-tampão.