Cotidiano

Trump diz que processar os Clinton seria muito divisivo para os EUA

201611210810362209_AFP.jpgNOVA YORK ? Após ameaçar não comparecer a uma entrevista para o “New York Times”, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se encontra nesta terça-feira na redação do jornal americano. Aos jornalistas, ele disse afastou as antigas promessas de processar a sua rival na corrida presidencial, Hillary Clinton, e o seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. O republicano argumentou que esta seria uma medida muito divisiva para o país.

Algumas horas antes, a assessora e ex-chefe de campanha do republicano, Kellyanne Conway, havia indicado que Trump não insistiria em novas investigações contra a ex-rival no caso dos e-mails e da Fundação Clinton. A decisão representa uma mudança de postura de Trump, que durante a campanha eleitoral havia ameaçado prender a democrata caso fosse eleito.

? Acho que quando o presidente eleito diz (…) que não deseja buscar a abertura desse processo, está mandando uma mensagem forte, em tom e conteúdo a seus colegas republicanos ? afirmou Kellyanne durante entrevista à rede de TV MSNBC.

Durante a campanha, Trump provocou indignação ao anunciar que se chegasse à Presidência nomearia um promotor especial para investigar a Fundação Clinton e o uso de um servidor de e-mail privado por parte da candidata democrata durante seu período como secretária de Estado (2009-2013).

? Se ganhar, vou mandar meu advogado obter um promotor especial e investigar sua situação. Nunca houve tantas mentiras, e engano. Nunca houve nada igual ? disse Trump durante um debate dirigindo-se a Hillary, a quem o FBI já eximiu de qualquer acusação pelo escândalo dos e-mails.

Em outro momento do debate, quando Hillary afirmou que se alegrava que ?alguém com o temperamento de Donald Trump não esteja liderando? o país, o magnata replicou: ?Porque então estaria na prisão?.

Nesta terça-feira, Kellyanne disse que Hillary ?ainda tem que enfrentar o fato de que a maioria dos americanos não a considera honesta ou confiável?.

? Se Donald Trump pode ajudá-la a fechar essa ferida, talvez seja um bom passo não insistir em uma investigação ? acrescentou. ? (Trump) Está agora pensando em muitas coisas diferentes enquanto se prepara para ser presidente dos Estados Unidos.

Ao longo da campanha, a retórica inflamada de Trump fez com que seus simpatizantes gritassem ?Prendam-na? cada vez que o nome de Hillary fosse mencionado

AMEAÇA DE CANCELAMENTO

Mais cedo, Trump anunciou pelo seu Twitter o cancelamento do encontro com o “Times”. Mas, depois, o republicano voltou atrás e resolveu comparecer à entrevista.

“Cancelei o encontro de hoje com o enfraquecido @nytimes quando os termos e condições do encontro foram alterados no último momento. Não foi legal”, disse Trump em uma publicação.

“Talvez um novo encontro seja organizado com o @nytimes. Nesse meio tempo, eles continuam me cobrindo de forma imprecisa e com um tom desagradável”, escreveu em outra publicação.

Uma porta-voz do Times disse que o jornal não tinha conhecimento do cancelamento até as publicações de Trump, feitas por volta das 6h30m, no horário local. A equipe de Trump tentou mudar as condições do encontro na segunda-feira, perguntando se seria feito “em off”, mas o jornal se recusou, disse a porta-voz Eileen Murphy.

“No final, concluímos com eles que iremos voltar ao plano original de uma pequena sessão ‘em off’ e uma sessão maior ‘em on’, com participação de repórteres e colunistas”, disse Eileen em comunicado.

Trump não realiza uma entrevista coletiva tradicional para falar sobre suas prioridades desde sua eleição, em 8 de novembro.

A ação acontece um dia após o republicano se encontrar com âncoras da TV, executivos e repórteres da indústria de notícias em Nova York, em sessão que o Washington Post descreveu como controversa mas em geral respeitosa.

Como candidato presidencial, Trump foi rápido em criticar coberturas noticiosas de que discordava, apesar de ter se mantido acessível a vários jornalistas, incluindo vários do Times. Em certo momento, ele baniu o Post, Buzzfeed e Politico de receberem credenciais para participar de seus eventos após coberturas que foram críticas a ele.