Cotidiano

Trump busca alternativas para acelerar saída do Acordo de Paris

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WASHINGTON ? O presidente americano eleito, Donald Trump, está buscando formas para agilizar a saída dos EUA do Acordo de Paris, informaram fontes da equipe de transição para a agência Reuters. Reunidos em Marrocos para a 22ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, representantes de quase 200 países reafirmaram seus compromissos no combate às emissões de carbono, apesar do posicionamento do novo líder da maior potência mundial.

Durante a campanha presidencial, Trump classificou o aquecimento global como uma ?farsa? inventada para frear o crescimento americano. Pelos termos do Acordo de Paris, os países signatários se comprometeram pelos próximos quatro anos. O atual presidente americano, Barack Obama, ratificou o documento em setembro em cerimônia conjunta com o presidente chinês, Xi Jinping, e o acordo passou a vigorar no dia 4 de novembro, quatro dias antes das eleições.

? Foi uma imprudência o Acordo de Paris entrar em vigor antes das eleições ? disse a fonte que trabalha no time de transição para energia e políticas sobre o clima, sob condição de anonimato.

No domingo, o atual secretário de estado americano, John Kerry, afirmou que a administração Obama fará todo o esforço possível para implementar o Acordo de Paris antes que Trump assuma. De acordo com o artigo 28 do documento, qualquer país que quiser abandonar o compromisso teria que esperar por quatro anos. Em teoria, seria o dia 4 de novembro de 2020, perto da próxima eleição americana.

De acordo com a fonte, a administração Trump está avaliando alternativas para acelerar a saída do pacto. Uma delas seria enviar uma carta anunciando a saída do país da Convenção Quadro sobre as Mudanças Climáticas de 1992, assinada no Rio de Janeiro, que deu origem ao Tratado de Kyoto e, posteriormente, ao documento de Paris. Outra alternativa seria simplesmente emitir uma ordem presidencial invalidando a ratificação americana ao acordo.

A saída dos EUA da convenção quadro sobre as mudanças climáticas (UNFCCC) seria controversa, até porque ela foi assinada pelo ex-presidente George H. W. Bush, também republicano, e aprovado pelo Congresso. A UNFCCC define como objetivo evitar os danos provocados no clima global pelo homem, já o Acordo de Paris é mais explícito com metas de cortes de emissões de gases do efeito estufa para limitar o aquecimento do planeta em 2 graus Celsius.

O Acordo de Paris foi assinado por 195 países em dezembro do ano passado e, até o momento, 109 países, responsáveis por 76% das emissões globais, já o ratificaram, incluindo os EUA, que respondem sozinhos por 18% das emissões globais. Durante a conferência que acontece em Marrocos até o próximo dia 18, líderes globais expressaram suas preocupações sobre a posição do novo governo americano, mas acreditam que a implementação dos compromissos independem dos EUA.

? A saída de um país não coloca o acordo em questão ? disse Salaheddine Mezouar, ministro de Relações Exteriores do Marrocos.

A chefe das Nações Unidas para mudanças climáticas, Patricia Espinosa, preferiu não comentar a posição externada pela fonte da equipe de transição de Trump, dizendo apenas que espera uma relação forte e construtiva com a nova administração americana.

De acordo com a fonte, a equipe do novo governo está ciente da repercussão negativa para a imagem do país caso Trump decida abandonar o acordo. Contudo, os congressistas republicanos já vinham alertando que uma administração do partido tentaria reverter a participação dos EUA no pacto.

? O Partido Republicano, em múltiplas ocasiões, enviou sinais para a comunidade internacional de que não concordava com o pacto ? disse a fonte, que culpa Obama pelo imbróglio, já que o acordo foi assinado por ordem executiva, sem aprovação pelo Senado. ? Não haveria essa questão diplomática na agenda internacional se Obama não tivesse apressado a adoção.