Agronegócio

Trigo na região: Chuva dificulta plantio, mas área cultivada já soma 20 mil hectares

Previsão indica instabilidade até o dia 10 de maio em toda a região

Trigo na região: Chuva dificulta plantio, mas área cultivada já soma 20 mil hectares

 

Santa Tereza do Oeste – A chuva volumosa do último fim de semana atrapalhou os planos dos triticultores que pretendiam iniciar o plantio do trigo agora, por outro lado, foi extremamente benéfica para os quase 20 mil hectares já cultivados com o cereal em toda a região, além de deixar a terra em condições em níveis favoráveis de umidade para quem vai plantar.

A área, nesta safra, deve ser um pouco inferior à registrada em 2018, quando foram cultivados 196 mil hectares nos núcleos regionais da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Toledo e de Cascavel. Neste ano, a expectativa é para que sejam destinados 188 mil hectares ao trigo, mas esse número pode crescer.

Segundo o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) em Cascavel José Pértille, como a colheita do milho safrinha se inicia logo nos primeiros dias de maio, para não deixar a área em pousio, parte dos produtores poderá optar pelo trigo agora.

Vale destacar que a colheita do milho – que promete uma supersafrinha neste ano – será mais cedo porque o cultivo do cereal ocorreu, em média, um mês antes do ciclo convencional. Tudo porque a soja foi colhida também com antecipação, depois de a estiagem castigar as lavouras.

Voltando ao cultivo do trigo, apesar da expectativa inicial de área menor, a produção deverá se manter perto das 560 mil toneladas da safra anterior, algo próximo de 12% da produção nacional.

Segundo Pértille, os 10% de área já cultivados prometem ser ampliados assim que o tempo firmar. Há previsão de chuva para quase todos os dias até 10 de maio (domingo do Dia das Mães).

Segundo o Simepar, não são volumes muito elevados, mas que impedem que as máquinas entrem no campo para o cultivo.

Por outro lado, essa chuva não deve atrapalhar ou atrasar o desenvolvimento da cultura. O zoneamento do trigo segue até julho, dando amplo espaço de tempo para semeadura.

Safrinha

Já a colheita da safrinha de milho caminha para a melhor da história da região. Dos 759 mil hectares cultivados em 48 municípios do oeste, em torno de 10% estão em floração, 60% em frutificação e 30% em maturação.

As lavouras mais adiantadas estão na beira lago de Itaipu, onde o cereal foi plantado no início de janeiro já que aquele entorno foi o mais castigado pela estiagem na safra de soja, exigindo colheita antecipada. “Tudo indica que na primeira quinzena de maio estaremos colhendo milho safrinha na região e, se tudo correr como está se desenhando, teremos a melhor produtividade da história”, afirma Pértille.

Dessa forma, o oeste deve colher 5 milhões de toneladas de milho, 20% a mais que na safra de 2018: “Conforme a colheita do milho for avançando, pode ser que muitos produtores ainda optem pelo plantio do trigo, por isso a área com trigo poderá avançar”, reforçou José Pértille.

Na região de Santa Tereza do Oeste, as lavouras de trigo já está em desenvolvimento vegetativo- Foto: Aílton Santos

Safra de grãos será 5% maior

O relatório mensal do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento mostra que a estimativa de produção da safra de grãos 2018/2019 deve ser de 37,3 milhões de toneladas, 5% maior do que no ano passado e também superior à estimativa anterior, de 37,1 milhões no Paraná. Na safra anterior, a produção foi de 35,4 milhões.

Neste período, a colheita do milho da primeira safra e a da soja estão praticamente encerradas e se confirmaram prejuízos em algumas culturas em decorrência do clima, com redução de 15% da produção de soja em comparação com o ano passado, e perdas no feijão.

Segundo o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, no entanto, há renovação do quadro com ampliação das áreas de cultivo de verão/outono, crescimento de área no feijão de segunda e terceira safra e, de forma muito expressiva, do milho de segunda safra, que possibilita prever um ganho de quase 4 milhões de toneladas em relação ao ano passado. “Apesar dos prejuízos no ano passado na safrinha do milho, é importante que a gente esteja reestabelecendo o nível de produção”, disse.

A produção de milho na safra 2018/2019 deve superar 16 milhões de toneladas. A segunda safra, que está no campo, deve contribuir com aproximadamente 13 milhões de toneladas nesse total. Essa produção é 42% maior do que a safra anterior. “As condições climáticas atualmente se encontram favoráveis para o desenvolvimento da cultura do milho e tudo tende a garantir boa produtividade”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.


Soja teve quebra de 17%

A colheita da soja já está concluída. O relatório do Deral confirma uma queda de 17% com relação à produção estimada no início da safra, de 19,6 milhões de toneladas. Agora, a estimativa é de 16,2 milhões. Essa redução deve-se principalmente ao excesso de calor e à falta de chuva no início do ciclo. Embora o clima tenha causado impacto em todo o Estado, atingiu principalmente as regiões oeste, noroeste e norte.

Quanto ao volume de produção, a cultura da soja registrou redução de 15% – de 19,2 milhões de toneladas na safra 2017/2018 para 16,2 milhões de toneladas na safra atual. A comercialização está em 44%, também inferior ao mesmo período do ano passado, quando atingiu 50%. Apesar da redução no Paraná, de maneira geral esta safra não foi significativamente afetada no Brasil, em razão dos bons resultados em outras regiões.

Nos preços, houve queda de aproximadamente 13% – o valor atual da saca de 60 kg, comercializada a R$ 66,85, cobre os custos de produção. Em 2018, o valor da saca era de R$ 76,00.

Para o economista Marcelo Garrido, do Deral, o impasse comercial entre a China e os Estados Unidos – que já dura cerca de um ano – é um dos fatores de influência nos preços. “A demanda neste ano está menor, principalmente com a redução da compra da soja dos EUA pelo maior importador do mundo, a China. Isso favoreceu o Brasil”, diz.

Além disso, a ocorrência da peste suína na China, que exigiu o abate de animais, diminuiu a compra de soja para produção de ração.

Com 44% da safra da soja comercializada, o cenário depende das variações do dólar, influenciadas diretamente pela política nacional; e da confirmação da safra americana, em maio. Uma possível alta do dólar pode gerar bons resultados para os exportadores, mas seu impacto no mercado interno ainda é incerto.

Reportagem: Juliet manfrin