Cotidiano

Treinar cérebro com jogos de computador ajuda a evitar demência

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SYDNEY, Austrália ? Pesquisadores da Universidade de Sydney descobriram que fazer treinamento cerebral com a ajuda de um computador pode melhorar a memória e até o humor de idosos com comprometimento cognitivo leve. O treinamento não é eficaz, no entanto, quando a pessoa já está diagnosticada com algum tipo de demência, como o Alzheimer. Os resultados são publicados nesta segunda-feira, dia 14, no “American Journal of Psychiatry”.

A equipe analisou uma série de pesquisas ao longo de mais de 20 anos e mostrou que o treinamento do cérebro poderia levar a melhorias na cognição global, memória, aprendizagem e atenção, bem como o funcionamento psicossocial (humor e autopercepção de qualidade de vida) em pessoas com comprometimento cognitivo leve. Por outro lado, quando os dados de 12 estudos de treinamento cerebral em pessoas com demência foram combinados, os resultados não foram positivos.

FATOR DE RISCO PARA ALZHEIMER

O comprometimento cognitivo leve consiste em um declínio na memória e outras habilidades de pensamento, apesar de as habilidades exigidas no cotidiano estarem geralmente intactas. Essa condição é um dos mais fortes fatores de risco para a demência. Uma em cada dez pessoas com comprometimento cognitivo leve têm risco de desenvolver demência dentro de um ano ? e o risco é marcadamente maior entre aqueles que sofrem de depressão.

O treinamento do cérebro é um tratamento para melhorar a memória e as habilidades de pensamento por meio de exercícios de computador, que são projetados como jogos.

? Nossa pesquisa mostra que o treinamento do cérebro pode manter ou mesmo melhorar as habilidades cognitivas entre as pessoas mais velhas em risco muito elevado de declínio cognitivo, e é um tratamento barato e seguro ? disse o médico Amit Lampit, da Escola de Psicologia, que liderou o estudo.

CHAVE PARA AVANÇO

Para chegar às suas conclusões, a equipe combinou resultados de 17 ensaios clínicos, incluindo cerca de 700 participantes, usando uma abordagem matemática chamada meta-análise, amplamente reconhecida como o mais alto nível de evidência médica. A equipe já usou meta-análise antes para mostrar que o treinamento do cérebro é útil em outras populações, como os idosos saudáveis e aqueles com doença de Parkinson.

O professor associado Michael Valenzuela, líder do Grupo de Neurociências Regenerativas no Centro do Cérebro e da Mente, acredita que a nova tecnologia é a chave para avançar no campo.

? Os grandes desafios nessa área são a manutenção de ganhos de treinamento a longo prazo e a transferência desse tratamento para fora da clínica e para o lar das pessoas. Isso é exatamente o que estamos trabalhando agora ? disse ele.

Valenzuela é um dos líderes do experimento australiano “Mantenha seu cérebro”, que irá testar se um programa personalizado de modificação do estilo de vida, incluindo treinamento cerebral semanal durante quatro anos, pode prevenir a demência em um grupo de 18 mil adultos mais velhos.