Política

Transporte: sobrecarga fora da hora de pico

Na terceira semana de operação, o novo sistema de transporte público de Cascavel continua apresentando diversos gargalos que ainda geram bastante reclamação por parte da população e contratempos. Mas o que chamou a atenção ontem foi para intensa sobrecarga do sistema fora do horário de pico.

Mesmo depois do intervalo do meio-dia, quando muita gente vai e vem do almoço, terminais continuavam congestionados e os atrasos eram revoltavam quem dependia do ônibus já que a chuva inviabilizou a alternativa de ir a pé ou de bicicleta.

Por volta das 14h as plataformas do Terminal Oeste estavam lotadas, com filas duplas e havia uma fila aguardando do lado de fora para entrar. Nos corredores exclusivos, era comum ver “comboios” na tarde dessa quinta-feira, com ônibus enfileirados.

Problema é a formatação do sistema

O motorista Silvio Dias tem acompanhado os problemas, as soluções paliativas e até as desculpas para os transtornos diariamente, desde o dia 16 de fevereiro, quando o novo sistema começou a rodar. Com três semanas no batente, ele consegue traçar um diagnóstico com precisão do empirismo: os congestionamentos nos terminais, os atrasos das tabelas e os “comboios” de ônibus enfileirados nos corredores exclusivos são resultado da própria formatação do sistema.

“O tempo do percurso é muito pequeno. É muito difícil cumprir as tabelas, principalmente as linhas dos corredores [nas avenidas]. Para ‘ajudar’, a maioria dos semáforos não abre quando os ônibus chegam perto, como haviam nos prometido”, lista.

Ele dá um exemplo: “Antes, eu fazia a linha Nordeste-Oeste e tinha 30 minutos para ir do Brasmadeira até a Rodoviária. Hoje, a linha Nordeste-Sudoeste, que sai do Brasmadeira e vai até o Detran, ou seja, bem mais longe, a Cettrans ‘deu’ os mesmos 30 minutos para fazer. É sem cabimento isso! Olhe a diferença de distância”.

Segundo ele, nunca ninguém perguntou aos motoristas o que precisava ser feito ou melhorado, apenas implantaram o sistema com “a base teórica”.

Um dos estrangulamentos é causado pelo modelo dos novos ônibus, porque os coletivos das linhas troncais demoram em média sete minutos na plataforma dos terminais até que todos consigam desembarcar e embarcar. “Uma porta só está complicado. Como não podemos ultrapassar no corredor exclusivo porque é única faixa, os ônibus andam em fila indiana e chegam todos juntos aos terminais… daí gera aquela confusão, os atrasos…” E ele completa: “Há casos de termos que esperar um ônibus sair do terminal para conseguirmos estacionar dentro do terminal”.

Época do mês

Segundo o presidente da Cettrans (Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito), Alsir Pelissaro, os coletivos estavam atrasados ontem devido à grande demanda de passageiros. “Estamos no período mais movimentado do mês. As pessoas estão recebendo seus salários e pagando as contas. Os bancos também ficaram fechados muitos dias e agora todos procuram esse serviço, e devido a esses fatores, mais à chuva, o número de usuários cresce”.

Segundo ele, toda a frota de cerca de 160 ônibus está rodando, inclusive aqueles dos corredores que se envolveram em acidentes já retornaram para as ruas: “Nossos agentes também tentam organizar os terminais e ajudar as pessoas em situações como a de hoje [ontem]”.

Reportagem: Silvio Matos