Cotidiano

Tragédias infantis marcam terremoto em região de veraneio da Itália

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As histórias e os testemunhos dos afetados pelo terremoto que golpeou o centro da Itália na quarta (24) começam a ser conhecidos nas últimas horas. Como a de Girogia Rinaldo, uma menina de 10 anos resgatada no fim da quarta depois de 17 horas presa sob os escombros. Ou a de Francesco Morelli, de 17 anos, que, depois que a poeira se dissipou, pôde ver três amigos mortos em seu município, Pescara del Tronto.

As autoridades temem que ainda haja vítimas sob as ruínas. No dia seguinte à catástrofe, o número de vítimas sobe a 241. Há 270 feridos em tratamentos e cerca de 5.000 pessoas trabalham nas operações de resgate, entre policiais, bombeiros, soldados e voluntários, segundo fontes da Defesa Civil.

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Cerca de 1.200 pessoas dormem em barracas de campanha, e as autoridades locais arranjaram 3.400 leitos em diversas instalações. À noite, mais de 300 pequenos tremores foram sentidos nas províncias centrais, com magnitudes oscilando entre 5.1 e 5.4 na escala Richter até o amanhecer.

As histórias com final feliz são encobertas pelas tragédias. A irmã de Giorgia Rinaldo tinha nove anos e dormia ao lado dela; não sobreviveu. A poucos metros, em Pescara del Tronto, bombeiros procuravam por duas meninas e uma avó que também foram retiradas dos escombros. As três foram encontradas sem vida, segundo o jornal “Corriere della Sera”.

A vítima mais jovem resgatada até agora é um bebê de oito meses, em Arquata del Tronto. Seus pais foram salvos dentre as ruínas da casa, segundo a Agência EFE. Outra morte no mesmo município é Marisol Piermarini, de 1 ano e seis meses. Resgatada com vida de um desabamento ao lado de seus pais, ela morreu a caminho do hospital de Ascoli Piceno. Seus pais, Massimiliano e Martina, eram sobreviventes do terremoto de Áquila, em 2009, segundo o diário “La Reppublica”.

Os municípios da região são destino de verão de muitas famílias, de acordo com o bispo de Rieti, Domenico Pompili.

“Há muitas crianças. Muitas. São os lugares para onde nós romanos vamos com nossos filhos, nossas famílias são oriundas desses lugares e havia muitíssimos avós com seus netos”, afirmou a ministra da Saúde, Beatrice Lorenzin, ao sair do Hospital San Camillo de Lellis, em Rieti. As localidades mais afetadas pelo sismo ? Amatrice, Pescara del Tronto, Arquata del Tronto y Accumoli ? aumentam de população até dez vezes durante o verão, segundo a agência Reuters.

A freira Mariana dormia num convento de Amatrice quando acordou com o tremor por volta das 3h30 da madrugada da quarta-feira. Logo vestiu uma roupa e se escondeu sob a cama. Ali, esperou até que um herói anônimo a resgatasse. “Um jovem me salvou, arriscou sua vida para me salvar. Fez um ato heroico e o Senhor lhe há de compensar”, afirmou a religiosa ao La Reppublica. Outros três religiosos foram salvos por equipes de resgate, que ainda procuram por três freiras e quatro convidados desaparecidos.

Em Amatrice, município mais afetado – 200 mortos, segundo a Prefeitura – , tudo estava pronto para o 50º festival do espaguete da localidade, famosa por seu molho picante de tomate e bacon. Uma iniciativa de um blogueiro viralizou pela internet e conseguiu que 600 restaurantes italianos cobrem dois euros a mais por cada prato de Amatricciana. Os fundos serão integralmente doados para as vítimas do sismo.

O histórico hotel Roma, que desabou, estava repleto de turistas nos dias anteriores ao festival. Dos 70 hóspedes alojados, só sete corpos foram recuperados. O dono do hotel disse à Reuters que cerca de 30 clientes podem ter escapado com vida antes do desabamento.