Policial

Totalmente sem assistência

Dois presos que saíram ontem da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), por meio de alvará de soltura, concederam uma entrevista exclusiva ao Hoje News. Segundo eles, a situação no local está terrível e, por enquanto, não existe previsão alguma de quando os cerca de 780 detentos devem voltar para os cubículos que estariam, conforme o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), sendo reformados.

Um dos presos, que estava no local há oito meses, disse que não há qualquer tipo de assistência na unidade prisional. “Em um barracão estão 350 pessoas e noutro 400, sem dormir, sem roupas, sem colchão, sem cobertas, no sol e na chuva. E o pior é que os agentes disseram que não sabem quando eles devem voltar para os cubículos”.

Conforme o detento, não há como dormir. “Não tem lugar, chove por tudo porque foi tudo quebrado e a noite o SOE (Setor de Operações Especiais) e o Choque não deixam ninguém dormir”.

Outro preso, que estava a mais tempo na unidade por conta de um roubo de um aparelho celular, disse que pessoas estão feridas lá dentro. “Tem gente baleada, toda furada, e outros que precisam de medicamentos controlados que não estão sendo entregues”.

Questionado em relação a alimentação, o ex-detento ressaltou que a comida está sendo servida, mas com muito atraso. “O café da manhã já não existe mais e o almoço chega 14 horas, a janta depois das 20 horas, fria e estragada. Além disso, temos que comer em pé porque não há espaço para sentar”.

Humilhação

Segundo ele, em todo tempo que estava na PEC viu alguém arrumando os cubículos. “Lá dentro a única coisa que tem é tiro, porrada e bomba. Se antes já sofríamos repressão, imagina agora. Todo dia somos obrigados, pelo menos quatro vezes, somos obrigados a ficar sentados, com a mão na cabeça e com a cara no chão, se humilhando para os agentes”.

Picados

Outro ponto citado pelos detentos é que, diferentemente do que foi divulgado oficialmente pela Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária) duas pessoas foram mortas dentro da unidade. “Um foi o decapitado e outro foi morto normal. Não acharam os corpos dos dois porque foi feito picadinho e assado para comer lá dentro durante a rebelião”.

A reportagem do Hoje News entrou em contato com a assessoria de imprensa do Depen, que negou a informação. Segundo a assessoria, não há nenhuma confirmação neste sentido. Ontem à tarde na PEC, cinco presos acusados da morte do detento Tiago Gomes de Souza, foram ouvidos por policiais civis da Delegacia de Homicídios.

Notícias

Familiares dos presos que estão dentro da PEC foram ontem novamente até a unidade para conversar com a direção. Eles buscam notícias a respeito do estado de saúde dos detentos e também querem saber quais estão na PEC e quais foram transferidos para a PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel). Ainda durante o motim havia a perspectiva de que o Depen divulgasse a lista com os nomes dos presos, o que não aconteceu. Conforme o Depen, até que os presos sejam novamente relocados nos cubículos, é impossível repassar os nomes dos detentos que estão na unidade.