Cotidiano

Total de novos alunos no ensino superior caiu em 2015, diz Censo

RIO – Após anos de uma tendência de forte crescimento, o número de novos estudantes no ensino superior brasileiro caiu em 2015. De acordo com o Censo da Educação Superior, divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério da Educação (MEC), a quantidade de ingressantes em instituições da rede pública caiu 2,6%, enquanto na rede privada a queda foi de 6,6%. Ambos os tombos levaram a uma redução total de 6,1% no universo de novas matrículas. É a primeira retração desde 2009.

Info – Ingressos por grau acadêmico

Segundo entidades do setor, o desemprego gerado pela crise econômica e o encolhimento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Em 2015, devido aos cortes orçamentários do governo federal, o fundo sofreu uma redução drástica. Em 2014, foram cerca de 700 mil vagas oferecidas pelo programa de financiamento. Já em 2015, foram pouco mais de 300 mil.

No ano passado, 2,4 milhões de pessoas ingressaram em instituições particulares de ensino superior, e outras 534 mil se tornaram estudantes da rede pública. O número de pouco mais de 2,9 milhões de calouros não é muito menor do que os cerca de 3,1 milhões de ingressos de 2014. Mas a queda interrompe uma sequência de expansão no universo de novas matrículas, que, mesmo assim, cresceu, desde 2005, 65,4% entre as instituições privadas e 47,5% entre as públicas.

Os três graus acadêmicos (bacharelado, licenciatura e tecnológico) viram queda no número de novas matrículas, sendo que o grau tecnológico foi aquele que apresentou a maior variação negativa, de 9,3%.

Info – Ingressos por grau acadêmico

Presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Janguiê Diniz atribui a queda no número de novos ingressantes na rede privada ao declínio das vagas no Fies e ao aumento do desemprego no país gerado pela crise econômica. Numa situação desse tipo, ela diz, as pessoas ficam sem recursos para financiar os estudos.

– Tivemos uma restrição no número de financiamentos. Saímos de cerca de 700 mil vagas em 2014 para 300 mil em 2015. Mesmo assim, as vagas, apesar de oferecidas, não foram totalmente preenchidas devido aos novos requisitos. O aumento no índice de desemprego também influenciou nessa queda no ingresso – comentou.

De acordo com a diretora da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pácios, a crise econômica leva a família a adiar a o início da formação superior dos filhos.

– As famílias precisam se reorganizar financeiramente para manter todos os membros estudando. Elas estão escolhendo quem vai estudar. Se antes havia três ou quatro na educação privada, agora elas vão optar por manter apenas um. Se tiver que fazer essa escolha, a família prefere manter o filho na escola particular na educação básica e depois escolher quem vai estudar no ensino superior.