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Torcida, ídolos e decisões certeiras: a receita do campeão Palmeiras

Estádio novo e quase sempre cheio, investimento pesado em reforços, um treinador conhecido pela expertise tática e um elenco que mescla promessas de ouro com jogadores consagrados, alguns inclusive com passagens pela seleção brasileira. Os ingredientes faziam com que a conquista do Campeonato Brasileiro pelo Palmeiras, confirmada neste domingo com a vitória por 1 a 0 sobre a Chapecoense, na Arena Palmeiras, parecesse previsível. Palmeiras – 28.11

Com o título deste ano, o clube paulista assume a liderança isolada no ranking de campeões brasileiros da CBF ? que considera, além dos cinco troféus do Brasileiro (1972, 1973, 1993, 1994 e 2016), as duas conquistas de Taça Brasil (1960 e 1967) e os dois títulos do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969).

Nas arquibancadas e no campo, o choro só tinha vez quando era de alegria. Jaílson, goleiro que caiu nas graças da torcida neste Brasileiro, foi substituído no fim. O técnico Cuca, cuja permanência não é certa em 2017, permitiu uma espécie de homenagem a Fernando Prass, antigo titular, que tenta voltar de lesão. O movimento foi duplamente bem sucedido: Prass se emocionou por voltar aos gramados enquanto Jaílson saía ovacionado pela torcida e pelos próprios companheiros.

? É um sonho realizado. Eu já não tive dinheiro para treinar, não tinha nem calça de goleiro. Sonhei com esse título ? declarou Jaílson.

Já o atacante Gabriel Jesus, de saída para o Manchester City (ING), foi comemorar na arquibancada após o apito final, bastante emocionado:

? Quis ter contato com essa torcida linda, que sempre me apoiou. É minha despedida da Arena Palmeiras, mas não é um adeus, e sim um até logo.

Bastava ao Palmeiras um simples empate com a Chapecoense. O time paulista podia ser campeão até com derrota, caso o Santos fosse superado pelo Flamengo no Maracanã ? o que aconteceu, por 2 a 0, com gols de Guerrero e Diego. Por uma ironia do destino, o rubro-negro carioca havia sido o principal adversário do Palmeiras na briga pelo título por boa parte do campeonato.

Os donos da casa abriram o placar ainda no primeiro tempo, com o lateral-direito Fabiano, e teve mais presença ofensiva do que o time misto da Chapecoense, que joga a final da Copa Sul-Americana, quarta, contra o Atlético Nacional (COL).

CONFUSÃO NO LADO DE FORA

Ainda assim, a torcida palmeirense manteve certa tensão até o fim do jogo. Afinal, previsibilidade é uma palavra pouco confiável quando se trata de um time que não vencia o Brasileiro desde 1994 e, neste século 21, tivera tantos títulos nacionais, com suas duas Copas do Brasil (2012 e 2015), quanto rebaixamentos (2002 e 2012).

O sucesso do Palmeiras, por sinal, tem combustível na fanática torcida, que não esmoreceu com as quedas à Série B e os anos sem títulos importantes no início do século, enquanto os rivais do estado de São Paulo acumulavam títulos de Brasileiro, Copa do Brasil e até Libertadores.

Neste Brasileiro, o Palmeiras teve as melhores média de público e de ocupação do estádio. Os ingressos para o jogo de ontem estavam esgotados há mais de uma semana. A festa da fanática torcida palmeirense, exemplo para clubes de todo o país, só não foi bem compreendida pela Polícia Militar de São Paulo, que bloqueou a rua de acesso ao estádio, onde os torcedores costumam se concentrar antes dos jogos, e reprimiu até com jatos d?água aqueles que tentavam entrar.