Cotidiano

Toneladas perdidas

Os poucos boxes abertos na manhã de ontem na Ceasa (Central de Abastecimento de Alimentos) em Cascavel contavam somente com serviços de limpeza e administrativos. Enquanto a maior parte de alimentos era retirada para o descarte, empresários contabilizam os prejuízos.

Por conta da greve dos caminhoneiros que hoje completa nove dias o abastecimento da Ceasa foi comprometido e o que restava para distribuição a supermercados barrado por manifestantes que se concentraram no trevo na PR 486.

Toneladas de alimentos precisaram ir ao lixo. “Já perdemos cinco toneladas de mamão e outras cinco de tomate e estimamos um prejuízo de R$ 50 mil”, afirma o responsável por um dos boxes na Ceasa, Alex Sandro Peregrino. Por outro lado, o Banco de Alimentos recebeu um número maior de alimentos que ainda podem ser aproveitados.

Para que a empresa não seja ainda mais prejudicada, Peregrino tenta uma alternativa para salvar uma quantidade de mamão. “Vamos armazenar na câmara fria, mas isso traz um alívio para poucos dias”, comenta.

Na última semana, um dos caminhões conseguiu chegar à empresa, no entanto, com alimentos muito mais caros. “As negociações, de tomate, cebola, repolho e pepino, por exemplo, tiveram aumento de pelo menos 30%”, ressalta Peregrino.

Apoio

Claudimar Dal Pia atua com a venda de legumes e algumas frutas. Ele fez contato com produtores rurais, mas não descarta prejuízos. “Como os caminhões estão parados, ficarei sem a mercadoria e terei que quer arcar com os gastos”.

Apesar dos transtornos, ele destaca apoio à paralisação dos caminhoneiros. “Se for resolver o problema de todos não me importo com os sacrifícios e até acredito que a população precisar ir às ruas para apoiar o movimento”, afirma.

Romulo Grigoli

FÁBIO DONEGÁ

LOCAL – Ceasa Cascavel – FD (2)

Legenda: Legumes e frutas que sobraram foram repassados ao Banco de Alimentos

Mercados

A rede de supermercado Muffato segue racionamento na venda de alguns produtos que estão limitados a cinco unidades por cliente.

O presidente da Apras (Associação Paranaense de Supermercados) em Cascavel, Rudimar Erbert, entende que a decisão ocorre em meio ao momento de insegurança e afirma que não há ilegalidade.

“Cada estabelecimento tem um estoque e poder agir dessa forma atendendo lista do Procon. Apesar da falta de alimentos como hortifrutis, ovos, carnes e laticínios, entendemos que não há motivos para a população estocar alimentos em casa”, orienta.

Aeroporto

No aeroporto de Cascavel dois voos (chegada e partida) foram cancelados nesta terça-feira (29) devido a planejamento por conta da greve. A assessoria de imprensa da Azul Linhas aéreas disse que a mesma medida foi adotada na última semana e que passageiros não foram prejudicados, pois houve remanejamento.

Aulas

As aulas foram suspensas por tempo indeterminado na Unioeste e no Centro Universitário FAG. No Centro Universitário Univel alunos foram dispensados até hoje ao meio dia e na Unipar a suspensão de aulas segue até a quarta-feira (30). Na rede municipal o calendário segue normalmente assim como nos colégios estaduais.

Romulo Grigoli

FÁBIO DONEGÁ

LOCAL – Ceasa Cascavel – FD (2)

Legenda: O que não pode ser comercializado foi doado ao Banco de Alimentos

30 mil litros de diesel

Uma carga com 30 mil litros de óleo diesel para abastecer os tanques dos mais de 150 ônibus das empresas Pioneira e Viação Capital chegou a Cascavel ontem. O combustível veio por meio de um caminhão da Petrobras escoltado por viaturas da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

“Com esse reabastecimento parcial o transporte operou com 100% em horários de pico, e variou de 50% a 70% nos horários entre picos, que abrangem das 14h às 17h e das 19h às 00h”, explica o presidente da Cettrans (Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito), Alsir Pelissaro.

A parada total e parcial do sistema afetou diretamente o cotidiano das pessoas nos últimos dias que tiveram que trocar os meios de transporte. “Sem ônibus e com a falta do combustível estou indo de bicicleta para o trabalho e tentando carona para o curso à noite”, comenta Cléssio Wunderwald.

A passageira Esane Barreto disse que ficou “na mão” no último sábado. “Fui ao shopping, mas não sabia dessas mudanças e acabei tendo que voltar a pé pra casa”. Uma atitude empresarial chamou a atenção dela. “Minha mãe que trabalha em um supermercado foi atendida por um veículo fretado pela rede, foi muito boa essa preocupação deles com os colaboradores”.

E por mais que a greve afete a população em diversos segmentos como este do transporte há apoio por parte da população. “Eu saio sete e meia da noite e os ônibus estão até as sete, então não sei como voltar. Mas mesmo sendo atingida pela greve eu apoio totalmente” contou Deisiane Zierhut.

Foto: Silvio Matos

Imagem: ônibus_terminal_sm_(01)

Legenda: 100% da frota de Cascavel operaram ontem nos horários de pico depois que 30 mil litros de diesel chegaram às empresas

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De portas fechadas

Reportagem: Marina Kessler

Foto: Aílton Santos

Uma tarde em que o comércio parou. Centenas de pessoas se reuniram em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida, no centro de Cascavel, para protestar em apoio à paralisação dos caminhoneiros, que começou na segunda-feira passada e hoje segue para o oitavo dia.

Segundo os organizadores, a manifestação reuniu dez mil pessoas. Até o fechamento desta edição, porém, a Polícia Rodoviária Federal não havia divulgado balanço oficial sobre o número de pessoas que participaram do movimento.

Funcionários foram liberados para participar da manifestação, que seguiu até o Trevo Cataratas, onde permaneceram às margens da BR-277. Muitos marcharam a pé, cantando o hino nacional e empunhando a bandeira do Brasil.

A vendedora Claudeomira Sampaio era uma das manifestantes. Além de estar comprometida com a luta dos caminhoneiros, ela e outros participantes do protesto pedem a renúncia do presidente Michel Temer. “A gente não aguenta mais pagar tanto imposto, tudo está muito caro. O Brasil precisa mudar e, por meio do protesto, estamos mostrando a nossa insatisfação”, afirma.

Pista bloqueada

Em meio ao protesto, manifestantes fecharam a rodovia por alguns minutos. Com o bloqueio, veículos que trafegavam sentido a Curitiba tiveram de aguardar a liberação da pista para seguir viagem.

Legenda: Comércio cascavelense fechou as portas para apoiar greve dos caminhoneiros

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