Política

Toledo pode ter doulas em hospitais públicos

Toledo – Depois de ser reconhecida como profissão e ganhar notoriedade nos partos normais e humanizados, elas foram mais longe e recentemente foram reconhecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como essenciais para mudar a maneira de nascer em todo o mundo. Em , a Câmara de Vereadores discute a autorização e o incentivo ao trabalho dessas profissionais em hospitais e serviços públicos. Uma reunião ontem fez avançar o Projeto de Lei 163 que versa sobre essa possibilidade.

Um parecer jurídico contestando a legalidade do projeto quase sepultou a iniciativa, mas, com algumas adequações, foi possível resgatar sua intenção e missão sem que criasse uma obrigação e sim um incentivo aos serviços públicos.

vereador Marcos Zanetti defende que o projeto tem vários aspectos positivos e que deve trazer mais humanidade e respeito ao nascimento em hospitais e maternidades públicas. “O mundo está repensando a forma de nascer. Além de trazer segurança e conforto emocional para as mulheres, ainda temos a redução de cirurgias desnecessárias e a possibilidade de que a saúde pública avance em investimentos que possibilitem dignidade economia”, explica.

A psicóloga Adriana Liell é mãe de dois filhos e doula. Ela observa a possibilidade da inclusão do serviço na rede pública como um grande avanço.

profissional explica que a palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes durante e após o parto. “Antigamente, a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos e haviam passado por aquilo. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da parturiente, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças”, conta.

Mudança cultural

A doula explica que o parto foi passando para a esfera médica e as famílias foram ficando cada vez menores, perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto. “O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, ocupando-se ora de uma ora de outra mulher. As auxiliares de enfermagem cuidam para que nada falte ao médico e à enfermeira obstetra. O pediatra cuida do bebê. Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna”, lamenta.

Luz à emoção

A defesa, segundo Adriana Liel, é para que essa lacuna seja preenchida pela doula. “O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tendem a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarrega de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar”, reforça.