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Thiago Braz bate recorde olímpico no salto com vara e conquista ouro para o Brasil

RIO – Em sua segunda tentativa para a marca de 6,03m, o brasileiro Thiago Braz, de 22 anos, fez uma prova muito segura na final do salto com vara, na noite desta segunda-feira, no Engenhão, surpreendeu os favoritos e garantiu a histórica medalha de ouro para o Brasil, com direito a recorde olímpico. Esta é a primeira vez que um brasileiro conquista uma medalha, de qualquer cor, na prova. 

No final da disputa, Braz estava empatado com Renaud Lavillene, então recordista mundial, em 5,93m. O francês subiu o sarrafo para 5,98m e passou sem dificuldade. O paulista aumentou a altura para 6,03m e, como vinha melhor na disputa, o francês teve o privilégio de tentar a altura antes, mas não conseguiu passar. Empurrado pela torcida, o saltador, que já tinha definido a classificação para a final como um milagre, tentou na primeira vez, mas desistiu do salto quando se aproximou do sarrado: havia ainda mais duas tentativas.

Em seguida, Renaud Lavillene tentou e passou, mas derrubou o sarrafo ao tocá-lo com o peito. Em sua tentativa, o brasileiro passou sem sustos e levantou o público presente no Engenhão. Pressionado, Renaud voltou a derrubar o sarrafo e ficou com a prata.

Thiago Braz levou às últimas consequências a sua admiração por Sergey Bubka. Ídolo do atleta brasileiro e principal inspiração para que o menino com então 14 anos, natural de Marília, interior de São Paulo, o mito ucraniano do salto com vara tinha um mentor, que passou a ser também o de Thiago.

Em 2014, Thiago deixou o Brasil rumo à Formia, na Itália, para treinar com Vitaly Petrov, o mentor de Bubka. Encontrou no senhor de 78 anos a família que não teve. Ao ser deixado pela mãe, foi criado pelos avós, de quem recebeu os ensinamentos para a vida. Já as técnicas do esporte, ele aprendeu com o “pai” adotivo.

Petrov é mais que um técnico, é embaixador mundial do esporte. Pelas suas mãos já passaram estrelas planetárias como Yelena Isinbayeva, além de Bubka, é claro. A brasileira Fabiana Murer foi a última campeã mundial sob a batuta do ucraniano, que contabiliza quatro títulos mundiais e dois ouros olímpicos (Isinbayeva, em Pequim-2008 e

Sob as orientações de Petrov,Thiago chegou ao Rio-2016 como o quarto colocado do ranking mundial. Antes dos Jogos, no ISTAF Indoor de Berlim, na Alemanha, ele bateu o recorde sul-americano ao saltar 5,93m e ultrapassar, inclusive, Renaud Lavillenie, francês campeão olímpico e recordista mundial.

Dentro do convívio restrito de Thiago, Fabiana Murer também é uma conselheira. Ele treinava com o marido da atleta, Elson Miranda. A parceria foi desfeita, mas a amizade continuou a ponto de Murer dar os primeiros auxílios assim que o menino do interior deixou Marília rumo ao sonho europeu.

Casado com a também saltadora Ana Paula Oliveira, Thiago, de apenas 22 anos, quer construir cedo o núcleo familiar que o destino roubou durante sua infância. O ambiente familiar que construiu a sua volta foi crucial durante a recuperação de uma cirurgia no punho esquerdo, há dois anos. Com a medalha, Thiago prova que tem pulso forte para saltar em busca de seus objetivos.