Economia

Tesouro prevê que dívida ultrapasse o PIB

O PIB é a soma de tudo o que é produzido dentro do país

Tesouro prevê que dívida ultrapasse o PIB

Brasília – O Tesouro Nacional traçou uma perspectiva mais desfavorável para a dívida pública brasileira e reconheceu, pela primeira vez, que o indicador vai ultrapassar os 100% do PIB (Produto Interno Bruto) nos próximos anos. O PIB é a soma de tudo o que é produzido dentro do país.

Com uma sequência de rombos nas contas públicas e a fatura deixada pela crise da covid-19, a dívida bruta do governo deve continuar subindo, atingindo 100,5% do PIB em 2025 e chegando ao pico de 100,8% do PIB em 2026, segundo projeções divulgadas nessa sexta-feira (30) pelo órgão. Depois disso, o endividamento começa a cair, mas ainda estará em 98% do PIB em 2029.

Em 2020, a dívida bruta do governo geral deve terminar em 96% do PIB, bem acima dos 75,8% verificados no fim do ano passado. O principal fator a impulsionar este aumento é a pandemia do novo coronavírus, que tornou necessária a ampliação de gastos para combater os efeitos da doença.

O próprio Tesouro Nacional mostrou que, numa comparação internacional, esse patamar de endividamento está próximo do de países com classificação de alto risco em termos de capacidade de pagamento, incluindo a Argentina (com dívida de 98,7% do PIB). O diferencial brasileiro, no entanto, é a quantidade expressiva de reservas internacionais (US$ 356 bilhões), ao contrário do país vizinho, que não tem uma grande linha de defesa externa e precisou repactuar a dívida recentemente.

Essa é uma das principais formas de comparação internacional porque não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais. O indicador é acompanhado atentamente pelas agências de classificação de risco, que conferem notas aos países (funciona como uma recomendação, ou não, para investimentos). Uma tendência crescente da dívida, em um cenário de ausência de reformas, pode gerar a piora na nota brasileira com recomendação para que investidores estrangeiros retirem recursos do País.

 

Histórico

A dívida bruta do Brasil vem crescendo desde 2014, quando o País começou a ter déficits em suas contas. No ano passado, houve uma queda de 76,5% para 75,8% do PIB com uma redução no rombo e a ajuda de devoluções de aportes feitos no BNDES, mas a tendência foi revertida neste ano devido à crise. Nesta sexta, o Banco Central anunciou que a dívida já passou dos 90% do PIB.

Levantamento do FMI mostra que o Brasil vai terminar 2020 com a pior situação fiscal entre os maiores países emergentes. O País só deve ser superado por economias menores, como Angola, Líbia e Omã. Os emergentes comparáveis à economia brasileira, como México, Turquia e África do Sul, têm situação mais tranquila.