Esportes

Teresa Almeida, a fofinha que virou xodó do Rio

Xodó dos brasileiros, que têm torcido por ela em todos os jogos da seleção angolana de handebol, a goleira Teresa Almeida, de 28 anos, a Bá, mandou um recado à torcida tupiniquim, que ficará dividida hoje, quando o time de Angola enfrentará o Brasil, às 9h30m, na Arena do Futuro, na Barra.

? Eu sei que vocês torcem por mim porque eu sou assim, mais fofinha. Conto com vocês amanhã (hoje) também! Não nos abandonem ? brincou a goleira, enquanto descansava na Vila dos Atletas na tarde de ontem, só de meias, sem sapatos, em uma das espreguiçadeiras da área externa. ? Não contava com esse apoio todo. Acho que o fato de eu ser gordinha ajuda no meu carisma. Eu me acho carismática.

Segundo a jogadora, não há nada que seu físico a impeça de fazer.

? Muita gente não acredita que com o corpo que tenho eu possa fazer esse tipo de jogo. Mas com trabalho se consegue tudo. É só acreditar no trabalho que tudo dá certo ? acredita. ? Acho que as gordinhas podem se dar bem no esporte. O fato de eu ser gordinha nunca foi um empecilho para mim. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Ser grande ou ser pequena não faz muita diferença. E, sim, estar concentrada. Handebol-1008

Com 98 kg, Bá já cansou de ouvir que ?fecha o gol?. Ou golo, como diz em seu sotaque angolano ? em seu país, aliás, o esporte é chamado de ?andebol?, e sua função é ?guarda-redes?.

Nesta primeira fase do torneio olímpico, seu time ganhou da Romênia, bronze no Mundial de 2015, por 23 a 19, na estreia, e de Montenegro, prata em Londres-2012, por apertados 27 a 25. Só não está invicto porque, no meio do caminho de Bá, havia uma Noruega enfurecida na última quarta-feira.

No jogo, a goleira acabou sendo substituída no segundo tempo ? talvez por isso, o time angolano acabou perdendo de 30 a 20. Depois, Bá se explicou: estava desconcentrada.

? Isso acontece em todos os países que vou jogar, é engraçado. Acho que as pessoas se identificam com um atleta que tem um padrão mais normal, como a maioria das pessoas, e me acolhem. Aí, da quadra, ouço um bocadinho o público gritar meu nome, porque estou muito concentrada, e já fico feliz. E então, acontece isso…

Bá, que tem esse apelido por causa da personagem de Chica Xavier na novela ?Sinhá Moça”, exibida em Angola quando ela era menina, joga handebol desde os 10 anos, e há três é titular da delegação do país. Nunca jogou fora, viajou pouco (é sua segunda vez no Brasil), e no pouco tempo livre que tem na Vila dos Atletas, não desgruda de Luiza, sua fiel escudeira no time. Handebol feminino: Espanha vence o Brasil

SEM COMENTÁRIOS POLÍTICOS

Bá e Luiza não se cansam de tricotar sobre os preparativos para o casamento da goleira, que acontece em dezembro.

? Ele não pode vir ao Brasil porque está em Angola, trabalhando. Mas não é verdade o que disseram aqui, sobre eu querer emagrecer para caber no vestido ? riu Bá, que desdenha de qualquer conselho para emagrecer ou se meter em dietas.

Bá prefere não comentar sobre a crise política em seu país, situação que fez com que o time enfrentasse dificuldades financeiras para se preparar para os Jogos. Sem salários, de acordo com a imprensa angolana, o time disputou apenas um jogo amistoso contra a Rússia, na véspera da abertura da Olimpíada. E perdeu por 29 a 36.

A goleira arregala os olhos e balança negativamente as mãos ante a referência ao tema: só falaria do esporte. E sobre esporte, sorriu e comentou que não teme que a torcida brasileira, até hoje a seu lado, ?vire a casaca?. Se, nos jogos anteriores, recebeu da arquibancadas gritos de ?P… que pariu, Bá é a melhor goleira do Brasil” , ?Sou angolano, com muito orgulho, com muito amor? ou até ?A Bá é melhor que Neymar?, ficaria agora muito decepcionada com os silêncios das mesmas arquibancadas?

? Quem gosta de mim não gosta só por um jogo. Acho que vai acontecer algo curioso. Se for sincera, a torcida vai torcer para os dois lados. Contra o Brasil, quero entrar concentrada, porque viemos de uma derrota. Vamos ter que dar tudo ? frisou ela, ajeitando o cabelo curto, modelado num topete. ? Somos países-irmãos, falamos a mesma língua, temos a mesma origem. A rivalidade é só nas quadras.

APP RIO OLÍMPICO: Baixe grátis o aplicativo e conheça um Rio que você nunca viu