Cotidiano

'Teremos uma Itália mais forte', diz ministra à frente de reforma de Renzi

Maria Elena Boschi ministra per le Riforme costituzionali.jpgRIO e ROMA ? Protagonista na campanha pela reforma constitucional proposta pelo primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, Maria Elena Boschi defende que a simplificação do sistema legislativo tornará o país mais forte. Hoje com mais de mil legisladores, o Parlamento italiano poderá assistir à redução de poder de uma das suas casas ? se os italianos decidirem aprovar o pacote de mudanças em um referendo no fim do ano. Ao GLOBO, a ministra para Reformas Constitucionais rebateu as críticas da oposição, que questiona se a democracia italiana poderia sair enfraquecida na nova configuração política. Italia_2409

Por que a vitória do ?sim? seria importante para a Itália?

Com a vitória do ?sim?, teremos um Parlamento em condições de decidir em tempos certos e mais rápidos, indo além do atual sistema de duas câmaras que fazem coisas idênticas ? quase uma exclusividade a nível mundial. Com o ?sim?, passaremos dos 945 parlamentares de hoje a somente 630 eleitos. Reduziremos os poderes das regiões. Teremos uma Itália mais estável, mais simples e mais moderna. Com o ?não?, entretanto, fica tudo como está.

A oposição diz que a reforma seria antidemocrática, com menos senadores, que seriam indiretamente escolhidos. Este é um risco?

Nenhum risco para a democracia. Sobre isso concordam todos os especialistas em direito constitucional, inclusive os que votam ?não?. Não acho que a França, o Reino Unido, a Alemanha e a Áustria não sejam grandes democracias só porque os cidadãos não elegem diretamente os membros da segunda câmara. No nosso Senado, haverá prefeitos e deputados estaduais que, obviamente, foram escolhidos pelos cidadãos. Com o ?sim?, aumentarão os instrumentos de participação direta dos cidadãos.

O ?não? poderá mudar a posição da Itália na UE? O M5S e o discurso eurocético de Beppe Grillo poderiam se fortalecer?

Estou convencida de que, com a vitória do ?sim?, teremos uma Itália mais forte, porque teremos maior estabilidade. Nós somos o 63º governo em 70 anos de História republicana: com uma Itália que funcione melhor, a Europa também será mais forte. Quanto ao M5S, eu gostaria que eles explicassem aos seus eleitores por que, após terem criticado os custos da política, sucessivamente votaram contra uma reforma que reduz os parlamentares e os salários de deputados.

Há semelhanças entre o referendo na Itália e o referendo do Brexit?

Não acho que sejam comparáveis. O nosso é um referendo decisivo: todos nós estamos determinados a tornar realidade a reforma. Após mais de 30 anos de tentativas falidas, teremos a chance de mudar a Constituição. Para que os fundamentos nela contidos sejam concretos, é preciso um Estado que funcione melhor. Juntos podemos dizer ?sim? à mudança e tornar a Itália um país mais simples.