Cotidiano

Teori libera para julgamento denúncia contra Gleisi

201606291417295444.jpgBRASÍLIA ? O relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, liberou para a pauta de julgamentos da Segunda Turma da corte a denúncia contra a senadora Gleisi Hoffmann, o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler. Se a maioria dos cinco integrantes do colegiado aceitar a denúncia, os três serão réus em uma ação penal. Ainda não há data marcada para o julgamento.

Lava-Jato 18.08

A denúncia foi apresentada ao tribunal em maio pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O grupo responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, a campanha de Gleisi ao Senado em 2010 recebeu R$ 1 milhão do esquema de desvios de dinheiro da Petrobras. Há indícios de que o dinheiro teria sido entregue pelo doleiro Alberto Youssef. A quantia teria sido paga em quatro parcelas a Kugler, a pedido de Gleisi e do marido.

A Segunda Turma do STF pode receber a denúncia ou simplesmente arquivá-la, por falta de provas suficientes para justificar a continuidade das investigações. Uma das principais vozes do governo no Congresso Nacional, Gleisi foi ministra da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff entre junho de 2011 e fevereiro de 2014. Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento no governo Lula, de 2005 a 2011, e das Comunicações já no governo Dilma, de 2011 a 2015.

A suposta participação do casal na Lava-Jato surgiu nas delações premiadas de Yousseff e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em seguida, veio a delação do advogado Antônio Carlos Fioravente Pieruccini, que detalhou como o dinheiro foi repassado para a campanha da petista. Em depoimento ao Ministério Público Federal, Pieruccini afirmou ter transportado R$ 1 milhão de São Paulo para Curitiba, a pedido de Yousseff. O doleiro teria dito que a destinatária final do dinheiro era a campanha de Gleisi.

Pieruccini disse que as entregas ocorreram em uma sala de propriedade de Ernesto Kugler, localizada shopping de Curitiba. Pieruccini teria levado uma caixa lacrada com a inscrição ?P.B./Gleisi?. Ainda segundo Pieruccini, Kugler contou as notas, em um total de R$ 250 mil e disse que o valor ?não dava nem para o cheiro?. Teriam ocorrido outras três entregas no mesmo molde, segundo o delator.