Cotidiano

Tensão na Venezuela: Guaidó e López dão início a ação para derrubar Maduro

Militares dissidentes se posicionam perto da base de aérea de La Carlota

Tensão na Venezuela: Guaidó e López dão início a ação para derrubar Maduro

Caracas – O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou nessa terça-feira (30) que militares o apoiam em movimento para acabar com a “usurpação do poder” no país e convocou todos para as ruas do país para pressionar o presidente Nicolás Maduro.

Leopoldo López, outra figura-chave da oposição venezuelana, também está nas ruas ao lado de Guaidó. López cumpria prisão domiciliar e disse ter sido solto após os soldados que vigiavam sua casa deixarem de reconhecer a liderança do chavista.

López foi para a rua ao lado de Guaidó. Ambos se dirigiram para a base aérea de La Carlota, em Caracas, onde anunciaram o apoio de militares dissidentes e convocaram a população a se juntar a eles.

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rego Barros, confirmou que 25 militares venezuelanos pediram asilo na embaixada brasileira na Venezuela.

Nessa terça, as ruas de Caracas foram tomadas por confrontos após Guaidó ter convocado a população a se manifestar contra o regime de Nicolás Maduro. Guiadó anunciou o apoio de militares para derrubar o governo e deu início à fase final da chamada Operação Liberdade.

Maduro, no entanto, disse que as Forças Armadas do país seguem leais a ele, e convocou uma manifestação popular em apoio a seu governo.

Maduro acusa os oposicionistas de tentativa de golpe. Ele postou que militares demonstraram “total lealdade ao povo, à Constituição e à Pátria”. Também convocou às ruas a população que o apoia. “Venceremos”, escreveu o chavista em rede social.

Ainda pela manhã, grupos de manifestantes tentaram entrar na principal base aérea do país, a Generalísimo Francisco de Miranda, conhecida como La Carlota. O local foi escolhido como ponto de apoio a Guaidó.

Manifestantes forçaram as grades, mas os militares responderam com disparos de bombas de gás. Carros blindados da polícia também avançavam sobre manifestantes.

Um dos veículos chegou a acelerar sobre a multidão, atropelando pessoas e provocando correria que derrubou mais gente perto da La Carlota. Logo após o carro avançar, uma chama foi vista sobre o veículo. Não era possível identificar, no entanto, de onde partiu o fogo.

Reação internacional

Brasil, Estados Unidos e Colômbia apoiaram o movimento contrário a Maduro. O presidente Jair Bolsonaro afirmou, por uma rede social, que o País “acompanha com bastante atenção” a situação e está “ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos.”

O secretário de estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou, também por meio de rede social, que o governo norte-americano “apoia plenamente o povo venezuelano em sua busca por liberdade e democracia”. “A democracia não pode ser derrotada”, diz o post.

Já Cuba, Bolívia e Rússia criticaram. A chancelaria russa acusou a oposição venezuelana de usar métodos violentos de confronto e pediu para que a violência pare. Os problemas do país devem ser resolvidos por meio de negociações, sem condições prévias, segundo a agência Interfax.

Divergências

O embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, disse em Nova York que “o governo do presidente Nicolás Maduro derrotou todas as tentativas de criar uma guerra civil”, em seu país, referindo-se à movimentação liderada pelo oposicionista Juan Guaidó.

Enquanto o chanceler de Maduro se pronunciava em Nova York, o ministro das Relações Exteriores chileno, Roberto Ampuero, confirmou que outro líder da oposição venezuelana, Leopoldo López, se encontrava na residência da missão diplomática do Chile em Caracas, acompanhado por sua mulher e uma filha do casal.

“Lilian Tintori e sua filha entraram como convidadas na residência da nossa missão diplomática em Caracas. Há alguns minutos, seu marido, Leopoldo López, juntou-se à família naquele lugar. O Chile reafirma compromisso com os democratas venezuelanos”, escreveu.

Feridos

No fim da tarde, Maggia Santi, diretora do Centro Médico Salud Chacao, atualizou para 57 o número de feridos, sendo 34 atingidos por bala de borracha, duas pessoas feridas por armas de fogo, 18 que sofreram lesões traumáticas e três que tiveram problemas respiratórios.