Cotidiano

Templos ovais revelam civilização no Norte do Egito

RIO – Três templos redondos encontrados debaixo do solo revelam uma civilização até então desconhecida no norte do Sudão. As construções, datadas de 2.000 a 1.500 antes de Cristo, foram descobertas pelo arqueólogo suíço Charles Bonnet, de 83 anos, há mais de um mês. A forma oval é um contraste com outros templos próximos, quadrados ou retangulares, erguidos pela civilização nubiana.

– Essa arquitetura é desconhecida. Não há exemplo na África Central ou no Vale do Nilo desta arquitetura. Em Kerma, a arquitetura é quadrada ou retangular. E aqui, a apenas um quilômetro de distância, temos estruturas ovais – observa Bonnet, que faz escavações há mais de 50 anos na região.

Templos ovais indicam civilização desconhecida no Vale do Nilo

Bonnet foi o responsável por desenterrar as sete estátuas de granito dos faraós negros, governantes nubianos do Sudão, perto das margens do Nilo. A maior parte do seu trabalho é desenvolvida em Kerma, antiga cidade do Reino Núbio e uma das mais antigas civilizações africanas. O reino ocupava o atual sul do Egito e o norte do Sudão. Os templos ovais foram encontrados em Dogi Gel, a apenas algumas centenas de metros de Kerma.

– Esses templos têm um diâmetro de 30 metros e são redondos. É extraordinário porque não conhecemos tantos templos redondos no mundo ? diz.

Bonnet acredita que a descoberta lance luz sobre uma parte enterrada da história africana. Os templos ovais possuem 50 metros, ou mais, de comprimento, com 1.400 colunas.

– Isto significa um enorme edifício. Esta arquitetura é o começo de algo. É fascinante para nós, porque estamos descobrindo um mundo novo e este é um mundo africano ? ressalta ele, que vê a chance de se estudar uma nova arquitetura africana, além das já conhecidas egípcia e nubiana.

Para Bonnet, o Sudão não era apenas um satélite do vizinho Egito. Nubia era a casa de alguns dos reinos mais adiantados da África, conhecida por seus depósitos de ouro, marfim e ébano. Durante esta última escavação, o arquéologo também descobriu ‘enormes fortificações’ em Dogi Gel. É uma indicação de que há muito mais a ser revelado no local.