Cotidiano

Temer quer se distanciar de Sérgio Machado

BRASÍLIA – O presidente interino Michel Temer busca se distanciar de qualquer relação com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Logo após ser citado na delação, conversou com seus principais aliados e avaliou que a história de que teria negociado propina Machado não se sustenta. Auxiliares dizem que Temer não se lembra de ter mantido um encontro com o ex-presidente da Transpetro na base aérea. O presidente interino determinou à Força Aérea Brasileira (FAB) que fizesse uma verredura de todos os registros de encontros que manteve no local em 2012. A versão do Palácio do Planalto é que Temer esteve com Machado três ou quatro vezes desde 2011, sempre no Palácio do Jaburu (residência oficial) ou na vice-presidência, prédio anexo ao Palácio do Planalto.

Segundo auxiliares, Temer está indignado com o envolvimento de seu nome nas revelações de Machado. Mas, apesar da irritação, sente-se “tranquilo” quanto ao conteúdo revelado na delação porque nunca foi próximo de Machado e, na versão de aliados, não iria negociar um esquema obscuro com alguém que não conta com sua confiança, ligado intimamente a Renan Calheiros, pertencente a um grupo distinto do seu dentro do PMDB.

Interlocutores palacianos disseram que Temer não acredita que a delação terá alguma influência no voto dos senadores no julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele pediu aos seus auxiliares que avisem aos senadores que seu gabinete está aberto para prestar quaisquer esclarecimentos.

Apesar de não acreditar em uma mudança de rumos no Senado quanto ao impeachment, no Planalto a percepção é que ao envolver Temer na delação, Machado aprofunda o ambiente de insegurança política no país. Isso poderia, na opinião dos governistas, dificultar neste momento a vida de Temer no Congresso, numa semana em que conseguiu avançar com votações de projetos de interesse do governo.

Na noite desta quarta-feira, Temer receberá um grupo de senadores para conversar no Jaburu. O jantar já estava agendado, mas ele aproveitará para se justificar ao grupo.

Para o governo, o que mais afetará o presidente interino agora é a munição dada ao PT para discursar contra ele. No entanto, avaliam, com o passar dos dias e com o número de citados na delação de Machado, a história tende a arrefecer.