Cotidiano

Temer diz que não se deve dar muita importância às ocupações nas escolas

BRASÍLIA – O presidente Michel Temer voltou a comentar o movimento de ocupações em escolas, principalmente em resistência à proposta de emenda constitucional (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos e à reforma do Ensino Médio via Medida Provisória. Temer disse nesta quarta-feira que não se deve dar “muita importância” para esse movimento, e voltou a sugerir que os estudantes não sabem o que combatem.

? A pior coisa é quando acontece isso (ocupações) e você dá muita importância ? declarou Temer à rádio Itatiaia.

Segundo nota da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) nesta terça-feira, há mais de 1.200 escolas ocupadas em todo o país. Nesta terça-feira, em discurso em um seminário do jornal “Valor Econômico”, Temer havia criticado pela primeira vez essas manifestações, dizendo que esses estudantes que protestam não saberiam o significado da sigla PEC. Logo depois, contudo, minimizou, afirmando que referia-se à população em geral.

? Você sabe o que é uma PEC? “PEC é a proposta de ensino comercial.” Quer dizer, as pessoas não leem um texto. Não estou dizendo dos que ocupam ou não ocupam. Mas em geral ? havia dito a uma plateia de empresários nesta terça-feira.

Nesta quarta-feira, ele deixou claro que questiona o conhecimento dos alunos sobre as reformas que o governo encampa.

? Se você for perguntar lá exatamente o que estão combatendo, quais são os dispositivos do texto legal, não sei se todo mundo conhece – declarou, e completou:

? Não tem problema nenhum. Estamos fazendo uma grande reforma do Ensino Médio, desejada há muito tempo e jamais feita no país.

A reforma do Ensino Médio enviada pelo governo ao Congresso foi em forma de Medida Provisória: para que ela passe a valer de vez, Câmara e Senado têm de aprovar a matéria em quatro meses, com o risco de obstrução das pautas nas Casas. A tramitação de uma MP é mais rápida do que outras propostas legislativas.

Temer voltou a criticar a natureza “física” das ocupações, dizendo que não há argumentos ou debates.

? No Brasil, ao invés do argumento verbal, oral, intelectual, para mostrar que está errado isso ou aquilo, tem o argumento físico, ocupando fisicamente, entrando nas escolas.