Cotidiano

Temer diz que Lava-Jato deve prosseguir enquanto houver irregularidades

BRASÍLIA — Com seu governo atingido pela Lava-Jato, que levou à queda de três ministros, o presidente interino, Michel Temer, afirmou nesta sexta-feira que a operação deve ser mantida enquanto houver irregularidades, mas que o “país não ficar dez anos nessa situação”.

— Eu acho que ela deve prosseguir enquanto houver eventuais irregularidades. Mas, num dado momento, o país não pode ficar dez anos nessa situação. Mas, evidentemente, ela deve manter-se enquanto houver irregularidades — afirmou Temer, em entrevista a cinco jornais de circulação nacional, entre eles, O GLOBO.

Para ele, as investigações estão passando o Brasil a limpo e isso deveria ter reflexo internacional:

— As instituições estão funcionando de uma tal maneira que há pessoas presas, pessoas processadas, pessoas investigadas. E dia a dia até muitas vezes aumenta. Então, acho que isso, ao contrário, deveria dar muita confiança para dizer o seguinte: olha aqui, o Brasil está sendo, para usar uma expressão rotineira, passado a limpo.

Na semana passada, num discurso para empresários em São Paulo, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, falou em “sensibilidade para saber o momento de caminhar para uma definição final” ao comentar as investigações da Lava-Jato. Após o encontro, perguntado se a frase era uma defesa pelo fim das investigações, Padilha negou e afirmou que o governo do presidente interino Michel Temer apoia o trabalho da Lava-Jato

O presidente afirmou ainda que a estratégia de novas eleições não favorece a presidente afastada Dilma Rousseff e que Eduardo Cunha passa por momento “dramático”.

Temer avaliou que há desconfiança externa porque a percepção de que as coisas estão mudando vem aos poucos.

Sobre a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações) ,na quinta-feira, por suposta participação em esquema de propina no período em que atuou no governo, Temer disse lamentar:

— Vi a senadora (Gleisi Hoffmann, mulher de Paulo Bernardo) lamentando que ele tivesse sido preso na frente dos filhos. Sob o foco humano, fiquei com muita pena do Paulo Bernardo, sempre tive ótima relação com ele, é uma ótima figura. Agora, não conheço os fenômenos investigatórios e não sei o que levou a essa atuação — disse.