Cotidiano

Temer diz que estratégia de novas eleições não favorece Dilma

BRASÍLIA — O presidente interino, Michel Temer, minimizou nesta sexta-feira a interinidade no cargo e afirmou que a estratégia da presidente afastada, Dilma Rousseff, de convocar um plebiscito que abra a possibilidade novas eleições presidenciais, não a favorece. Segundo ele, golpe seria mudar a regra constitucional no meio do jogo.

— Se ela (Dilma) voltar, talvez pudesse anunciar que vai continuar, porque, voltar para sair é uma coisa curiosa, não é um argumento que a favorece (…). Interessante, fala-se tanto em golpe, mas as pessoas não sabem o que é golpe. Golpe é a ruptura com a Constituição federal. Ora, fazer eleição agora é romper com a Constituição — disse, evitando usar a palavra golpe para finalizar sua resposta.

Temer disse que não se sente interino no cargo e que nos 42 dias que está no comando do país, houve importantes avanços com a ajuda do Congresso. Também afirmou que Eduardo Cunha passa por momento “dramático” e defendeu que a Lava-Jato deve prosseguir enquanto houver irregularidades.

Em entrevista a cinco jornais de circulação nacional, dentre eles, o GLOBO, o peemedebista rejeitou a ideia de que o Congresso tem baixa qualidade. O presidente defendeu que Câmara e Senado são fundamentais para o funcionamento das instituições e afirmou que não se pode ter preconceito em relação ao tema.

Questionado sobre a influência da relação ruim de Dilma com os parlamentares no processo de impeachment, Temer afirmou que ignorá-los é ter “visão autoritária”.

— Eu só posso dizer que o diálogo é fundamental. Num estado democrático, você tem que exercer a atividade executiva amparada pelo Legislativo, qualquer outra visão é autoritária- afirmou.

CONTAS DE CAMPANHA

Com o julgamento das contas de campanha previsto para setembro, o presidente disse que percorrerá todas as instâncias do Judiciário para conseguir a separação de Dilma e do PT. Segundo ele, sofrer uma condenação seria o equivalente ao carona de um carro ser condenado porque o motorista atropelou e matou uma pessoa.

— Serei obediente às decisões do Judiciário depois de percorrer todas as instâncias necessárias. É claro que aí tenho que pensar nos meus direitos e eu já lancei a tese de separação de contas. Este seria o único caso em que a condenação de alguém importa na condenação de outrem. É como se você estivesse dirigindo um carro, atropelasse alguém, fosse condenado, e o sujeito que está no banco ao lado também sofresse os efeitos da condenação, mal comparando. É claro que eu vou tentar demonstrar isso. Agora, se houver uma decisão do Judiciário, decisão do Judiciário se cumpre.