Cotidiano

Temer, Aécio e outros caciques nacionais ficam de fora das propagandas em Porto Alegre

201609261720263327.jpgPORTO ALEGRE ? Os principais candidatos da disputa eleitoral de Porto Alegre resolveram deixar de lado os caciques nacionais dos partidos longe dos programas eleitorais. O presidente Michel Temer e o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, não aparaceram nas propagandas de seus candidatos, Sebastião Melo (PMDB), e Nelson Marchezan Júnior (PSDB), respectivamente. E nem devem aparecer nesta reta final. No PT, o candidato Raul Pont exibiu um único depoimento da ex-presidente Dilma Rousseff, mas que não foi repetido. Os candidatos têm utilizado os programas para questões locais. Eventuais apoios são mais explorados nas redes sociais, com fotos e vídeos dos apoios. Sem recursos privados, os programas têm menos efeitos e mostram cenas de caminhadas pelas ruas, as chamadas bandeiradas, além de conversas com eleitores. Eleição – Porto Alegre

Assessores de campanha do candidato petista dizem que a participação de Dilma foi um depoimento como “cidadã”. O PT não tem eventos de rua preparados com o ex-presidente Lula.

Pelo menos nesta questão o discurso de todos coincide: não se quer “nacionalizar” a campanha, alegando que o porto-alegrense está cansado de rixas políticas e quer ver discussão sobre os problemas da cidade.

A única candidata que provoca seus adversários com temas nacionais, como Lava-Jato e temas do PEC do Teto dos gastos públicos, é Luciana Genro (PSOL). isso ocorre, contudo, principalmente nos debates e nas redes sociais, pois seu programa tem 12 segundos, além de 51 segundos de inserção ao longo do dia.

Líder na última pesquisa Ibope, o candidato do PMDB, Sebastião Melo, disse que decidiu não mostrar figuras nacional do PMDB e que até a participação de parlamentares que apoiam a campanha ainda não tinha ocorrido e já estava gerando reclamações. Com uma coligação de 14 partidos, Melo é quem tem o maior tempo de televisão: 3,5 minutos por programa e 16,8 minutos de inserções ao longo do dia. O candidato aparece em caminhadas e mostra apenas o prefeito José Fortunati (PDT), de quem é vice licenciado, e a vice na sua chapa, Juliana Brizola. Os programa são com imagens da campanha, depoimentos de eleitores e músicos gaúchos conhecidos tocando o jingle de Melo.

? Não quero nacionalizar a campanha. Só apareceu o Fortunati ? disse Melo ao GLOBO, ao ser perguntado sobre nomes nacionais do PMDB como Temer e o atual presidente do partido, o senador Romero Jucá (RR), investigado na Lava-Jato.

Na mesma linha, o tucano Nelson Marchezan Júnior diz que sua campanha não é voltada para a cidade. Marchezan tem uma aliança com o PP, que tem aparecido na Lava-Jato. O próprio PSDB já teve nomes investigados ou citados. Provocado por Luciana Genro em recente debate, Marchezan disparou:

? Sou sim uma novidade, pela transparência. Pessoas vão votar no Marchezan do PSDB e não no PSDB do Marchezan.

Ao GLOBO, Marchezan disse que a população não quer saber do partido ou de promessas que não serão cumpridas. O tucano tem 1,54 minuto de programa, além de 8,01 minutos de inserções ao longo do dia.

? As pessoas estão se lixando para qual partido é. Elas querem alguém que fale a verdade ? disse Marchezan, que é filho de Nelson Marchezan, que foi líder na Câmara dos Deputados do PDS, partido governista no regime militar, e ministro da Educação.

Nas redes sociais, Marchezan agradeceu na segunda-feira pelo apoio recebido da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), postando uma foto de ambos. O tucano credita ao seu programa o crescimento na campanha: ele dipsuta uma vaga ao segundo turno com Pont e Luciana, mas essa em tendência de queda, segundo o Ibope da última sexta-feira.

O petista Raul Pont já afirmou que sua campanha foi “massacrada” pelas notícias das investigações envolvendo Lula e outros petistas. Pont disse que “não tem problema” em defender Dilma, mas seus aliados consideram que já fizeram uma homenagem ao fazer um programa sobre o impeachment, chamado de golpe, e exibir uma inserção de Dilma. Nos programas o apoio mais exibido é de Manuel D´Ávila (PCdoB), ex-deputada federal e hoje deputada estadual.

Dilma gravou para o petista e depois foi participar de eventos no Rio de Janeiro e no Nordeste: “Amo Porto Alegre. Aqui, tive minha filha e construí minha vida. E nesta eleição, não tenho dúvidas: o melhor é Raul. Raul é um administrador experimentado. Um político coerente. E, acima de tudo, um democrata. Raul vai construir uma Porto Alegre muito melhor para se viver”, disse Dilma.

Pont também ressalta que é uma campanha municipal e reclama do noticiário nacional sobre Lava-Jato. O petista tem 1,30 minuto de programa, com 6,21 minutos de inserções ao longo do dia. O programa explora o slogan “Porto, alegre-se”, mostrado em várias cores, até em azul.

? Todo dia é um rosário, não há dia que não se tenham manchete de jornal. Mas há a vida real ? disse Pont, lembrando que a população quer discutir ações locais.

Com 12 segundos, Luciana Genro costuma aparecer e encerrar sua fala com o slogan: tenho as mãos limpas, com as mãos abertas, o que virou sua marca. Mas, nas redes, mostra apoios como o de Heloísa Helena, ex-candidato do PSOL à Presidência, e do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que estiveram na cidade.

? Mesmo com 12 segundos, consegui ter uma marca. As pessoas mostram as mãos, como faço na TV ? disse Luciana Genro AO GLOBO.