Política

Temer admite que pode ir à OMC contra tarifa do aço

São Paulo – O presidente Michel Temer (MDB) disse ontem, durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em São Paulo, que vai ligar para o presidente norte-americano, Donald Trump, para discutir a sobretaxação das importações de aço e alumínio nos Estados Unidos, medida que atinge em cheio a indústria siderúrgica brasileira.

O presidente disse que a taxação do aço nos Estados Unidos é motivo de grande preocupação, mas que precisa ser tratada com "muito cuidado", dado que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil.

Ao participar da edição latino-americana do Fórum Econômico Mundial, Temer assinalou que vai investir no diálogo, mas confirmou que, se não houver uma solução amigável, vai entrar com outros países prejudicados pela barreira com uma representação contra os Estados Unidos na OMC (Organização Mundial do Comércio). "A conjugação dos países dará mais força à representação", declarou Temer ao participar da sessão plenária do Fórum.

Ao lembrar que o Brasil está se movimento em direção à abertura comercial, com a "condução final" de um acordo do Mercosul com a União Europeia e o Canadá, Temer frisou que seu governo é contra “todo e qualquer protecionismo". "Queremos abertura plena dos mercados estrangeiros em relação ao Brasil".

Retomada

Durante o evento, Temer também afirmou que o Brasil "voltou para ficar" no contexto internacional. Ele disse ainda que "há muito otimismo no Brasil" depois que seu governo "recuperou" o País. "Lá em Davos, eu disse: O Brasil voltou. Aqui eu digo: O Brasil voltou para ficar", declarou o presidente.

Bolsa Família

No discurso, o presidente voltou a falar que espera que em 20 anos o programa Bolsa Família não seja mais necessário. "Eu não estou pregando a eliminação do Bolsa Família, estou pregando a manutenção do que estão ganhando e que haja uma evolução no tópico da responsabilidade social", destacou, divulgando o programa "Progredir", anunciado para dar emprego a filhos de beneficiários do Bolsa Família.

O emedebista classificou a oposição ao seu governo como "incompreensões". "Um governo que tem um ano e dez meses com muitas incompreensões, eu reconheço, mas que ao longo do tempo tirou o País da recessão e conseguiu um efeito extraordinário já reconhecido por toda a comunidade internacional", disse.

Meirelles: redução de tributos depende das despesas

A redução da carga tributária no Brasil depende do corte de despesas, disse ontem o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele visitou a sede do Twitter no Brasil, em São Paulo, onde gravou vídeos em respostas a perguntas de internautas.

“A maneira de diminuir a carga tributária no Brasil é cortar despesas. Estamos conseguindo isso com a imposição de um teto de aumento dos gastos públicos”, disse em um dos vídeos publicados em sua conta no Twitter. Acrescentou que a reforma da Previdência também é fundamental para “eliminação de privilégios” e para cortar gastos.

Para Meirelles, a redução da carga tributária, sem a redução de despesas, levaria a um aumento da dívida pública, com a consequência de causar alta nos juros e na inflação.

O ministro da Fazenda afirmou também que a reforma tributária será iniciada com as mudanças no PIS/Cofins (Programa de Integração Social e na Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), em elaboração pelo governo. Em seguida, disse, serão analisados impostos estaduais e federais.

Segundo Meirelles, para o Brasil crescer, com a retirada de milhões de pessoas da pobreza, é preciso equilíbrio da economia e controle de despesas públicas e da inflação, além de abrir a economia para o exterior.

Ele citou que está “acelerando” o tratado de livre comércio com a União Europeia. “Isso vai facilitar as exportações brasileiras e a importação de produtos para serem usados pela indústria brasileira”, disse.

O ministro da Fazenda também citou que iniciou as conversações com o Reino Unido para fazer um tratado de comércio após a saída da União Europeia e a aproximação com os países integrantes da Parceria Transpacífico, assinada por nações banhadas pelo Oceano Pacífico.

Sobre os juros no Brasil, ele lembrou que os juros estão no menor patamar da história, ao se referir à taxa básica Selic, em 6,75% ao ano. “Isso começa a aparecer nos juros do crédito que vão continuar caindo daqui para frente”, disse.