Cotidiano

Sucesso entre moradores, Lagoa Presente também é alvo de críticas

RIO — Apenas seis meses depois do início da Operação Lagoa Presente, o modelo de policiamento financiado pela iniciativa privada conseguiu reunir na região uma grande quantidade de fãs e também muitas críticas. Se por um lado, moradores e comerciantes notam melhora da segurança e já pedem a continuidade do projeto, que só está previsto até dezembro de 2017, por outro, há quem desaprove alguns pontos do programa, que além da Lagoa foi levado ao Aterro do Flamengo e ao Méier.

O modelo, baseado nas Operações Lapa Presente, do governo do estado, é financiado pela Federação do Comércio do Estado do Rio (Fecomercio), numa parceria com a Secretaria estadual de Assistência Social. Na Lagoa, mantém 126 agentes de segurança que trabalham em carros, motos, bicicletas e a pé e realizam rondas diárias das 6h às 22h. O efetivo é composto por policiais militares da ativa e da reserva, além de egressos das Forças Armadas.

Há cerca de um mês, um grupo de moradores da Lagoa se reuniu com o intuito de homenagear o capitão Henry, responsável pela operação no local, e sua equipe. O grupo pretende repetir a homenagem com frequência e divulgar os dados da operação, num projeto chamado “Lagoa Presente — Abrace essa ideia”. A proximidade com os militares começou por conta de um grupo de WhatsApp, criado pelo próprio capitão com a finalidade mostrar os resultados diários da operação, que em seis meses efetuou 456 prisões e 138 encaminhamentos de pessoas em situação de vulnerabilidade para abrigos públicos.

— Fazemos homenagens porque queremos conscientizar a população sobre o trabalho deles. Eles devem ser reconhecidos por isso, é uma mudança de paradigma, é uma polícia preventiva e não repressiva — explica Marcelo Saraiva.

Mas os elogios não são uma unanimidade. Há quem questione o modelo e, principalmente, a remoção de moradores de rua, uma das funções do programa. Um deles é o sociólogo Ignácio Cano, membro do Laboratório de Análise da Violência da Uerj:

— Um dos componentes do programa é o afastamento de pessoas não desejadas, como os mendigos. Isso não é prevenção à violência nem à criminalidade. Acho ótimo que a PM seja próxima dos moradores, mas é uma lástima que ela não esteja próxima dos moradores de favelas.

De acordo com a Secretaria estadual de Assistência Social, as operações contam com assistentes sociais que acompanham o encaminhamento para abrigos das pessoas em situações de vulnerabilidade que queiram ser ajudadas.