Cotidiano

Sucessão de erros levou à desastre em Minas

2016 893162588-2016 893102211-201603021914200782.jpg_20160302.jpg_20160303.jpgBELO HORIZONTE ? O rompimento da barragem da Samarco, que cobriu de lama o distrito de Mariana, em Minas Gerais, arrastando casas, deixando 19 mortos no caminho e poluindo o Rio Doce, foi causada por um erro de projeto, ao qual se somaram novos problemas quando a estrutura já estava em uso. A conclusão, antecipada no domingo pelo colunista Lauro Jardim, em seu blog no GLOBO, foi confirmada ontem por um relatório encomendado pela empresa e por suas acionistas, a Vale e a BHP Billiton, ao escritório de advocacia americano Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, que coordenou um um painel de especialistas geotécnicos para analisar as causas da tragédia.

Durante a apresentação, realizada em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte, o perito Norbert Morgenstern, através de videoconferência, disse que a tragédia foi provocada por uma combinação de fatores, como a falha de construção dos drenos de fundo da estrutura da barragem, o aumento de peso por alteamento e pequenos abalos sísmicos. Ele explicou que o colapso ocorreu na ombreira esquerda da barragem porque um recuo no local foi construído ?sob uma mistura de areia e lama e não apenas areia.?

SEM APONTAR CULPADOS

Segundo o ?Valor Econômico?, a investigação mostrou que as falhas na estrutura começaram em 2009, com defeitos na construção do dreno de fundo. No ano seguinte, foi instalado um ?tapete drenante?, que causou maior saturação das paredes da barragem, aumentando o potencial de liquefação, como é chamado o processo de perda da estabilidade na fundação de rejeitos. Em 2012, mais problemas: uma galeria de concreto sob uma parte da barragem chamada de ?ombreira?, do lado esquerdo, foi considerada estruturalmente deficiente e incapaz de suportar a carga?. A barragem não poderia ser alteada ? ou seja, suas paredes não poderiam ser elevadas. Mas, segundo o estudo, o desenho foi mudado, levando lama para baixo do maciço ? o que acabou provocando o rompimento após três pequenos abalos sísmicos.

A investigação apontou fatos já mencionados nos inquéritos das polícias Civil e Federal, e não apontou culpados para o que é considerado o pior desastre ambiental do Brasil. O promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Carlos Eduardo Pinto, disse à Reuters que o relatório foi uma tese de defesa.”Isso deve ser levado em conta como tese de defesa… eles apresentaram conclusões que as autoridades já tinham chegado, mas tentaram minimizar”.