Cotidiano

STF investiga Collor por suspeita de receber propina de obra da BR

BRASÍLIA ? O senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de ter recebido propina em um contrato de construção do prédio da BR Distribuidora em Salvador em 2013. A abertura do inquérito para apurar corrupção passiva foi pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizada há um mês pelo relator da Lava-Jato no STF, ministro Teori Zavascki. O caso estava protegido pelo segredo de justiça e, na semana passada, por decisão do relator, tornou-se público. É o sexto inquérito contra Collor no tribunal.

Os indícios contra Collor surgiram a partir da delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, que também foi executivo da BR Distribuidora. Segundo depoimento, Cerveró foi procurado pelo empresário Paulo Roberto de Oliveira, interessado em ampliar as instalações da BR em um novo prédio. O contrato ficou 60% com a OAS e 40% com Paulo Roberto de Oliveira, conforme disse Cerveró. De acordo com o delator, ele mesmo receberia R$ 500 mil de propina e outro diretor da BR, Vilson Reichenbach, mais R$ 500 mil.

Cerveró também disse que Pedro Paulo Leoni Ramos, que era operador de Collor na BR Distribuidora, teria negociado o pagamento de propina ao senador com o consórcio formado para conduzir a obra. O depoente disse que não sabia informar o valor acertado. ?Pedro Paulo cobrou propina em nome de Fernando Collor?, disse Cerveró. ?A BR era um feudo do Collor desde 2009, quando sua presidência e duas diretorias foram entregues pelo presidente Lula a Collor?, concluiu.

Ainda segundo a delação, para o negócio ser concretizado, só faltava a aprovação pelo Conselho de Administração da BR Distribuidora. Mas o negócio não foi fechado porque a Operação Lava-Jato foi deflagrada, suspendendo a atuação da OAS em todo o sistema Petrobras. Teori determinou, a pedido de Janot, uma série de diligências ? entre elas, os depoimentos de Collor, Pedro Paulo, Léo Pinheiro, Paulo Roberto de Oliveira e Vilson Reichembach.